Coronavírus

OMS diz que vacina de Oxford tem redução de eficácia contra diferentes variantes

Apesar disso, imunizante é capaz de reduzir mortes, hospitalizações e casos graves. Brasil teve variante identificada no Amazonas. Grupo da organização está analisando dados e pesquisas após África do Sul suspender uso da vacina e trará decisão em breve

Sarah Teófilo
postado em 08/02/2021 18:49 / atualizado em 08/02/2021 18:50
 (crédito: Reprodução/Youtube)
(crédito: Reprodução/Youtube)

A diretora do departamento de Imunização da Organização Mundial da Saúde (OMS), Katherine O'Brien, disse nesta segunda-feira (8/2) que há um indicativo de redução de eficácia da vacina de Oxford/Astrazeneca, produzida no Brasil em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), contra a covid-19, em casos de novas variantes do coronavírus. “Algumas mais, outras menos, dependendo da variante, da população”, explicou. Ainda assim, ela frisa que “é muito claro que tem eficácia contra casos graves, hospitalizações e morte”.

Em entrevista coletiva nesta segunda, diretores da OMS falaram muito sobre a situação da África do Sul, que suspendeu a aplicação da vacina de Oxford no último domingo (7) após dados mostrarem que duas doses da vacina dariam uma “proteção mínima” contra casos leves e moderados da covid-19 oriundos da variante identificada primeiro naquele país. Os integrantes da organização ressaltaram a importância de se estudar a vacina e analisar dados antes de dar qualquer orientação.

Katherine frisou que as evidências chegaram muito recentemente, e que todos estão observando os dados no momento. A situação está sendo analisada pelo Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas (Strategic Advisory Group of Experts, ou SAGE) em Imunização da OMS, e a médica pontuou que estão aguardando a palavra final do grupo sobre o uso da vacina.

Amazonas

No Brasil, foi identificada recentemente uma nova cepa do estado do Amazonas, com registro já em outros estados e países. Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom afirmou que o surgimento de variantes “fez levantar questionamentos sobre o potencial impacto nas vacinas”, citando a decisão da África do Sul. “Essa é uma notícia preocupante”, pontuou, se referindo ao estudo que identificou redução de eficácia da vacina contra a variante, mas dizendo que existem algumas ressalvas; a amostra do estudo foi limitada, e com pessoas jovens e saudáveis.

O diretor afirmou que o SAGE se encontrou nesta segunda-feira para revisar a vacina de Oxford e para discutir esse novo acontecimento. “Amanhã eu vou me encontrar com o presidente da Sage para discutir as suas recomendações”, afirmou.

Questionada pelo Correio se a OMS tem alguma orientação ao Brasil, como suspender o uso da vacina, visto que no país há também uma nova cepa identificada primeiro no Amazonas, Katherine afirmou que conversou com o SAGE sobre a variante amazonense e a vacina Astrazeneca, e houve uma atualização sobre quando os diretores terão mais informações que seriam evidências para informar decisões como essa.

Sobre a mesma pergunta, a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, afirmou que a organização também está aprendendo muito e não tem todas as respostas. “O Sage está revisando todas as evidências que estão disponíveis a cada vacina de todos os diferentes estudos, e estamos levando em consideração o que sabemos sobre as diferentes variantes e experimentos que estão sendo feitos”, explicou. Ela ressaltou que a OMS só faz recomendações “baseadas em evidências disponíveis”, ressaltando que cada país irá tomar suas decisões baseadas em informações adicionais que possam ter.

Uso emergencial

O diretor da OMS afirmou, ainda, que a organização espera decidir nos próximos dias sobre o uso emergencial da AstraZeneca. Neste meio tempo, segundo ele, a aliança Covax continua preparada para a sua primeira distribuição, mantendo a vacina da AstraZeneca no seu portfólio.

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