PANDEMIA

OMS avalia efetividade da vacina de Oxford contra variante amazonense

Organização analisa também dados sobre imunizante contra cepa da África do Sul. Diretor da OMS diz que se encontrará na terça-feira com diretor de grupo de especialistas para ouvir sua recomendação

Sarah Teófilo
postado em 08/02/2021 21:41 / atualizado em 08/02/2021 21:42
 (crédito: Reprodução/Youtube)
(crédito: Reprodução/Youtube)

O Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas (Strategic Advisory Group of Experts — Sage, em inglês) em Imunização da Organização Mundial da Saúde (OMS) está analisando a efetividade da vacina de Oxford/Astrazeneca contra as variantes encontradas no Amazonas e na África do Sul. No último domingo (7/2), o país do continente africano suspendeu o uso da vacina depois que dados mostraram que duas doses do imunizante dariam uma “proteção mínima” contra casos leves e moderados da covid-19 oriundos da variante identificada primeiro naquele país.

A variante amazonense foi identificada em janeiro por pesquisadores japoneses, que observaram a nova cepa em viajantes que estiveram na região. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (8/2), ao ser questionada pelo Correio se a OMS tem alguma orientação ao Brasil, como suspender o uso da vacina, a diretora do departamento de Imunização da OMS, Katherine O'Brien, disse que houve uma atualização do grupo sobre as expectativas de quando haverá mais dados que podem ser evidências para informar decisões como essas a outros países.

Ela afirmou que há um indicativo de redução de eficácia da vacina de Oxford, que no Brasil é produzida em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), contra a covid-19 em casos de novas variantes do coronavírus. “Algumas mais, outras menos, dependendo da variante, da população”, explicou. Ainda assim, ela frisou que “é muito claro que tem eficácia contra casos graves, hospitalizações e morte”.

Conforme a diretora, informações continuarão chegando, e é preciso se amparar sempre em evidências preponderantes, e não em um relatório específico. "As pessoas precisam estar prontas para entender que teremos evidências que terão a aparência de que não se somam a uma história completa, e isso porque nós estamos pintando um quadro aos poucos. Mas quando juntarmos as evidências, nós teremos um caminho claro a seguir", afirmou.

O diretor da OMS, Tedros Adhanom, mostrou preocupação com as novas variantes, dizendo que elas fizeram “levantar questionamentos sobre o potencial impacto nas vacinas”, citando a decisão da África do Sul. “Essa é uma notícia preocupante”, pontuou, referindo-se ao estudo que identificou redução de eficácia da vacina contra a variante, mas dizendo que existem algumas ressalvas: a amostra do estudo foi limitada, e com pessoas jovens e saudáveis.

Adhanom afirmou que os integrantes do Sage se reuniram nesta segunda-feira para revisar a vacina de Oxford e para discutir esse novo acontecimento. “Amanhã (terça-feira) eu vou me encontrar com o presidente do Sage para discutir as suas recomendações”, afirmou. Durante a coletiva, os diretores da OMS ressaltaram a importância de se estudar a vacina e analisar dados antes de dar qualquer orientação, uma vez que a organização elabora recomendações sempre baseadas nas evidências disponíveis, como foi ressaltado.

Coronavac

Também diante da notícia envolvendo a África do Sul, o Instituto Butantan informou nesta segunda que já testa a CoronaVac contra a variante do vírus originária no Amazonas. O diretor do instituto, Dimas Covas, afirmou que, em breve, terá esses resultados, mas que acredita que a possibilidade do imunizante não ter resposta quanto à nova cepa é “bem menor”, já que a CoronaVac é uma vacina de vírus inativado.

Covas explicou que as vacinas de vírus inativado, caso da vacina do Butantan, já mostraram um bom desempenho em relação às novas cepas. “Essa [efetividade contra variantes] é uma preocupação de todas as vacinas, mas, principalmente, daquelas vacinas que têm uma única proteína como antígeno, que é chamada de proteína S. De fato, essas vacinas têm apresentado um desempenho inferior, principalmente, com essa cepa sul-africana. Não é o caso das vacinas de vírus inativado. Já tem teste quanto a essas duas variantes, a variante inglesa e da África do Sul, que mostraram um bom desempenho”, afirmou.

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