COVID-19

Infecção por variante amazonense pode aumentar carga viral em até 10 vezes

Pesquisa que comparou infecção pela variante P.1, originária do Amazonas, com outras, mostrou que a carga viral no corpo dos infectados pela cepa amazonense pode ser até 10 vezes maior

Maria Eduarda Cardim
Carinne Souza*
postado em 01/03/2021 18:05 / atualizado em 01/03/2021 18:09

Um estudo realizado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Amazônia identificou que a variante de Manaus aumenta em até 10 vezes a carga viral no corpo, quando comparada com outras infecções do SARS-CoV-2. Uma carga viral maior contribui para que a variante consiga infectar mais pessoas. A pesquisa foi publicada na última quinta-feira (25/2) pelo Research Square.

Os pesquisadores geraram 250 sequenciamentos completos e de alta qualidade do SARS-CoV-2 de indivíduos que moravam em 25 cidades do Amazonas, entre março de 2020 e janeiro de 2021. A maioria desses sequenciamentos foi classificada em cinco linhagens, entre elas, a variante P1, que mostrou um rápido aumento de prevalência entre os meses de dezembro de 2020 (quando foi detectada pela primeira vez) e janeiro deste ano.

O estudo analisou os meses com pico de infecções por covid-19 no estado. No período de quase um ano de pandemia, a P1 foi identificada como a variante que possui 10 vezes mais carga viral que as demais. Isso pode explicar porque ela transmite mais rápido entre as pessoas. A pesquisa ainda indicou que a P1 rapidamente atingiu municípios localizados a uma distância de 1,1 quilômetro de Manaus e cidades da fronteira com Colômbia, Peru e Venezuela.

O pesquisador da Fiocruz Tiago Gräf, que fez parte da pesquisa, explicou que para entender porque a P1 teve sucesso na disseminação, os pesquisadores compararam a quantidade de vírus nas amostras dos pacientes infectados pela P.1 e pessoas infectadas por outras variantes.

“A comparação dos pacientes mostra claramente que a infecção por P.1 gera maior carga viral em adultos. Em idosos a significância foi pequena ou nenhuma. Talvez porque nossa amostragem era menor nesse grupo ou porque esses indivíduos são igualmente vulneráveis a todas linhagens”, informou Tiago nas redes sociais.

O pesquisador ressaltou que as medidas contra a variante amazonense são as mesmas reforçadas desde o início da pandemia: distanciamento social, uso de máscara, álcool em gel e outras já indicadas.

Outros estudos

O potencial de transmissão da nova variante do coronavírus identificada em Manaus também está sendo estudada pelo Centro Brasil-Reino Unido de Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (grupo Cadde), que conta com pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP.

O estudo do grupo Cadde analisou as características da variante de Manaus e através de dados genômicos e epidemiológicos concluiu que ela é entre 1,4 e 2,2 mais transmissível. Além disso, possui uma imunização de até 61% contra a proteção desenvolvida pela primeira infecção da covid-19.

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