Ministério da Saúde

Novo ministro terá de se equilibrar entre a política e a medicina

Marcelo Queiroga, substituto de Pazuello, é apoiador declarado de Bolsonaro, mas defende medidas de proteção para o enfrentamento da pandemia. Um dos desafios à frente da pasta será conciliar a pressão do Planalto com a responsabilidade médica

O médico cardiologista Marcelo Queiroga será o novo ministro da Saúde do governo Bolsonaro. Queiroga é presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia e será o quarto ministro da pasta desde o começo da pandemia da covid-19 em 2020. O cardiologista assume em um dos piores momentos da crise sanitária do país, quando o Brasil lidera o ranking de número de casos e mortes no mundo nos últimos sete dias, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Queiroga se reuniu na tarde desta segunda-feira (15/3) com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Palácio do Planalto. Ele foi cotado após a médica, também cardiologista, Ludhmila Hajjar negar o convite do presidente. Ludhmila teve dois dias de conversa com o chefe do Executivo, no domingo (14/3) e na manhã desta segunda. A médica rejeitou a proposta de Bolsonaro por motivos técnicos e disse que passou a vida seguindo os estudos e a ciência acima de qualquer ideologia e que esse compromisso não mudaria agora.
 
 
 
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Já Queiroga, natural de João Pessoa, especialista em cardiologia e doutorado em Bioética pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal), é apoiador declarado do presidente e bem visto pelos bolsonaristas. Em dezembro, foi indicado por Bolsonaro para ser um dos diretores da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A indicação, no entanto, não foi votada pelo Senado Federal.

Jogo de cintura

A nomeação do novo ministro está prevista para esta terça-feira (16/3) em edição do Diário Oficial da União. Bolsonaro, ao sair do Palácio do Planalto, disse que além da vacinação, Queiroga vai promover outros programas para diminuir o número de mortes no Brasil. “Ele (Queiroga) tem tudo para fazer um bom trabalho, dando prosseguimento em tudo que o Pazuello fez até hoje”, disse o presidente.

Reprodução - Contra o uso da cloroquina, Queiroga apoia Bolsonaro desde as eleições


Nos bastidores, o comentário é que Queiroga tem jogo de cintura para lidar com as vontades do presidente e combater a pandemia. Pelas redes sociais, o médico não nega o seu apoio a Bolsonaro, mas também não deixa de lado a vacina ou o Sistema Único de Saúde (SUS). Queiroga se divide em publicações que citam, por exemplo, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e defesas a Jair Bolsonaro. Além disso, Queiroga já deixou claro ser contra o uso da cloroquina.

Nas redes sociais, seguidores questionam qual postura de Queiroga prevalecerá no Ministério: a posição política ou a convicção com a saúde. O cardiologista, no entanto, já deixou claro que não tem algo novo para combater à pandemia. “Não é possível inventar a roda”, declarou. O ministro terá então que se equilibrar na corda bamba de afagos ao presidente e de responsabilidade profissional.
 
Reprodução - Defensor do SUS nas redes sociais, Marcelo Queiroga também apoia o presidente


Vale lembrar que Nelson Teich, também médico, deixou o cargo de ministro 29 dias depois de assumi-lo por ter divergências com o presidente no combate ao novo coronavírus. Outro desafio de Queiroga é ampliar a vacinação que atingiu menos de 5% da população brasileira.
Reprodução - Defensor do SUS nas redes sociais, Marcelo Queiroga também apoia o presidente
Reprodução - Contra o uso da cloroquina, Queiroga apoia Bolsonaro desde as eleições