Nice Menani, 52 anos, é mais uma das vítimas de covid-19 no Brasil. Ela morava em Dourados (MS), mas morreu na última segunda-feira (7/6) em Porto Velho (RO) para onde havia sido transferida por falta de leitos de UTI no estado natal. A paciente era uma entre nove enviados a outros estados pelo mesmo motivo na sexta-feira (4/6).
O traslado do corpo será feito pelo governo do Mato Grosso do Sul, garantiu o secretário estadual de saúde Geraldo Resende ao portal Campo Grande News. Apesar disso, nesta terça-feira (8/6), o procedimento ainda não tinha ocorrido.
Situação "caótica"
Essa é mais uma ponta da situação de colapso que vive a saúde do MS neste mês de junho. No balanço de ontem, 271 pessoas esperavam na fila por um leito de UTI ou mesmo de enfermaria nas cidades da região. Além de Rondônia, São Paulo e Amazonas ofereceram vagas para receber alguns dos doentes.
No início desta semana, o secretário de Saúde foi a público pedir o fechamento das atividades não essenciais no estado, um toque de recolher mais rígidos e descreveu a situação como ‘caótica’. E, embora seja mais visível por lá, a crise não está restrita às terras pantaneiras. Especialistas já falam na chegada da terceira onda no Brasil com um cenário ainda mais desafiador que durante as duas primeiras.
Outros nove estados e o DF podem enfrentar situação semelhante à de MS em breve. Isso porque as regiões estão com mais de 90% das UTIs lotadas. São eles: Paraná, Santa Catarina, Piauí, Ceará, Sergipe, Pernambuco, Tocantins, Mato Grosso e Rio Grande do Norte. Apenas o Acre está fora da Zona de Alerta, com 43% de ocupação dos leitos. Em todos os outros, a taxa varia entre 62% e 89%, segundo o boletim divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na segunda.
Luto
Enquanto isso, o número de famílias enlutadas cresce exponencialmente. O Brasil registrou mais mortes por covid-19 nos quatro primeiros meses de 2021 (195.848) que ao longo de todo o ano de 2020 (194.949). Dois meses depois, o número total já é 2,5 vezes maior. Em todo o país, desde o início da pandemia até ontem, foram 474.414 vítimas da doença, em Mato Grosso do Sul, 7.185, em Rondônia, 5.835.
A reportagem do Correio solicitou, mas ainda não conseguiu apurar em que estado a morte de Nice Menani será registrada. Para a família, entretanto, isso faz pouca diferença. O que resta é o funeral com caixão fechado destinado às vidas perdidas para o coronavírus e as lembranças compartilhadas.
A última postagem dela no Facebook, em 30 de maio, é uma mensagem sobre amadurecer com as próprias experiências. “Não vou rasgar nenhuma folha no livro da minha vida, as páginas que virei são lições que aprendi”, diz a imagem. E é esta mesma rede social que familiares usam para externar um pouco da dor da perda.
“Minha maninha, que Deus cuide bem de você. Meu coração está em pedaços”, escreveu a irmã Claudia Menani. Além dos outros irmãos de Nice, o filho dela, Rick Menani também foi à rede expressar sua tristeza. Sem legendas, apenas a foto de uma rosa caída com a palavra ‘luto’.
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