ENTREVISTA

General Martin explica como funciona o programa Telessaúde do Brasil

Segundo o coordenador do programa, a ideia é expandir o atendimento a regiões mais remotas do país

Bruna Lima
postado em 17/06/2021 06:00 / atualizado em 17/06/2021 11:17
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press                         )
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press )

Uma medicina que, pelos meios digitais, chegará aos locais mais remotos e vulneráveis do Brasil. Esse é o fundamento do Telessaúde do Brasil, programa interministerial coordenado pelo Ministério da Defesa, que reforçará o atendimento de 128 unidades básicas de saúde (UBSs), levando consultas médicas e exames laboratoriais de resultado imediato a pessoas com baixa condição social. Uma unidade na zona rural de Cristalina (GO) abriga o projeto-piloto há aproximadamente quatro meses e, mensalmente, em torno de mil pessoas tem acesso a exames oftalmológicos, dermatológicos e cardiológicos, além de consultas on-line. O coordenador do programa, general Marco Antônio Martin, conversou com o Correio sobre o projeto. Eis os principais trechos da entrevista.

Qual foi o ponto de partida desse serviço?

O Hospital das Forças Armadas, em uma primeira tentativa, levou um projeto-piloto para Iauretê (AM) e, ali, se aproveitou a internet, a energia local e a estrutura do pelotão de fronteira. Este teste funcionou, só que não tinha uma sustentabilidade que desse capacidade ao programa de se espalhar para todos os pelotões. Procuramos ver as deficiências que foram encontradas e como poderíamos melhorar.

Por que Cristalina?

Um projeto-piloto num local muito longe dificulta correções. Buscamos no Entorno de Brasília uma localidade que tivesse as características da fronteira: isolamento, dificuldade com energia e com internet. Encontramos o distrito de Campos Lindos, a 100km de Brasília. Uma área de fazendas, com uma população de cerca de 20 mil pessoas. Só tem uma UBS, um médico generalista e uma população sazonal em torno de oito mil habitantes formada por bóias-frias, que vem para as colheitas na região.

As especialidades têm a ver com as características dessa população isolada?

Com certeza. Por exemplo, nós temos a teledermatologia justamente porque essas pessoas são muito expostas ao sol, não têm facilidade de encontrar essa especialidade e acabam desenvolvendo doenças de pele ou até câncer por falta de acompanhamento. O mesmo vale para a teleoftalmologia: pessoas com dificuldade de ver ficam com dificuldade, também, de executar trabalhos manuais. As doenças cardiovasculares, hoje, são as mais comuns, então colocamos a telecardiologia. Essas três especialidades seriam o carro-chefe.

Quais ministérios envolvidos e em que colaboram?

Precisamos de duas infraestruturas básicas. Uma é a energia, trazendo a intervenção do Ministério das Minas e Energias por meio do programa Mais Luz, e outra é a internet — buscamos o Ministério das Comunicações. Envolvemos Defesa, Saúde, Minas e Energia e Comunicações. Temos uma fonte muito rica de especialistas, dentro do Ministério da Educação: a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Há algumas especialidades críticas, como telendocrinologia, teleortopedia, teleneurologia. Buscamos trazer a Ebseh para dentro do programa, com seus centros de ensino e pesquisa.

Quais os próximos passos?

O atendimento será expandido para 128 UBSs. Foi preciso simplificar o sistema e integramos tudo. Quando o paciente chega à recepção, puxamos o cadastro completo do SUS (Sistema Único de Saúde). Ao passar pela triagem, todos os resultados saem no prontuário. Se ele for para outra UBS, pela Rede Nacional de Dados em Saúde, esse prontuário cai lá. As questões estão todas interconectadas e foi grande o desafio de juntar 35 produtos dentro do programa, sem pesar a UBS e interromper o atendimento básico.

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