PANDEMIA

Queiroga exonera tenente-coronel adepto do uso da cloroquina

O militar já usou as redes sociais para criticar a Organização Mundial da Saúde (OMS), ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e governadores contrários à postura do presidente Jair Bolsonaro na gestão da pandemia

Pouco mais de dois meses depois de assumir o Ministério da Saúde, Marcelo Queiroga exonerou, ontem, o tenente-coronel Angelo Martins Denicoli do cargo de diretor do Departamento de Monitoramento e Avaliação do Sistema Único de Saúde (SUS). Nomeado no ano passado pelo então ministro Eduardo Pazuello, o militar foi o último a perder o cargo na atual administração.

Denicoli defende o uso de cloroquina no tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus, apesar da ineficácia comprovada do medicamento contra a doença. Ele chegou a publicar, em suas redes sociais, informação falsa, em 8 de abril do ano passado, afirmando que a FDA (Food and Drug Administration, órgão regulador de medicamentos dos Estados Unidos) havia aprovado o uso da hidroxicloroquina para o tratamento de todos os casos do novo coronavírus. Na época, o uso compassivo do medicamento chegou a ser permitido, e a FDA deu apenas uma autorização para utilização emergencial de produtos que tivessem cloroquina em sua composição para alguns pacientes com covid-19.

O militar também já usou as redes sociais para criticar a Organização Mundial da Saúde (OMS), ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e governadores contrários à postura do presidente Jair Bolsonaro na gestão da pandemia. A exoneração do militar foi assinada pela Casa Civil e publicada no Diário Oficial da União (DOU). Queiroga evitou comentar a respeito da motivação da exoneração do tenente-coronel e, questionado por jornalistas, disse apenas que “não é todo mundo que quer trabalhar” no ministério.

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Vaga aberta

À frente da pasta desde 23 de março, ele garante que tem autonomia para montar a própria equipe, mas fez poucas mudanças desde que chegou. A mais recente delas foi a indicação da infectologista Luana Araújo para assumir a secretaria de enfrentamento à covid-19, que, no entanto, não foi concretizada. Desde então, a seção segue sem comando.

O nome de quem deve assumir a secretaria criada em 10 de maio deve ser, justamente, uma das perguntas que Queiroga enfrentará em seu segundo depoimento, hoje, à CPI da Covid. Anunciada como secretária pelo próprio ministro, em evento oficial da pasta, Luana, que também depôs à comissão de inquérito do Senado, não soube responder quem ficaria em seu lugar e disse que seu nome fora vetado na Casa Civil.

Segundo apurado pelo Correio, Queiroga não bateu o martelo sobre um novo nome para a secretaria e ainda estuda nomes. A seção é uma promessa do ministro desde o início da gestão e foi criada logo após o início dos trabalhos da CPI. O objetivo é centralizar em um único setor as ações de enfrentamento à pandemia.

Enquanto não completa o quadro de auxiliares diretos, Queiroga anunciou que se encontrou, ontrem, com o embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, para discutir o combate à pandemia. Segundo o ministro, a conversa teve como foco os desafios mundiais no enfrentamento à doença e parceria entre os dois países. Em publicação no Twitter, ele compartilhou uma foto do encontro.

Ministro corre para obter mais vacinas

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou ontem que o governo federal está negociando mais vacinas contra a covid-19 com a farmacêutica norte-americana Moderna. “O que nós podemos antecipar é que estamos negociando, bem como buscando antecipação de doses prontas: a da Janssen, a doação do governo americano, que nós agradecemos muito. Então, nós temos uma perspectiva boa para acelerar o nosso PNI (Plano Nacional de Imunização)”, disse. Porém a antecipação de doses da Janssen adquiridas pelo governo federal não foi confirmada pelo secretário-executivo da pasta, Rodrigo Cruz. “A gente ainda não tem uma confirmação por parte do laboratório de quando essas doses virão”, explicou.