RACISMO

Adolescente negra é confundida com pedinte e barrada em shopping de Fortaleza

Mesmo vestida com kimono, por ter praticado jiu-jitsu horas antes, e de mochila nas costas, a segurança do local impediu a entrada da garota de 16 anos

Correio Braziliense
postado em 24/09/2021 20:22 / atualizado em 24/09/2021 20:23
 (crédito: TV Verdes Mares/Reprodução)
(crédito: TV Verdes Mares/Reprodução)

Uma segurança de um shopping do Bairro Cocó, em Fortaleza (CE), impediu uma adolescente negra de 16 anos de entrar no estabelecimento por pensar que a jovem era uma pedinte. A menina queria comprar pães na padaria do local.

A adolescente se chama Mel Campos, e conta que não entendeu de imediato a abordagem da segurança. “Ela disse que eu não podia estar pedindo dinheiro ali e eu não entendi. Eu questionei ‘[a padaria] está fechada? Não pode mais fazer pedido?’. Aí ela disse ‘não, não pode pedir aqui dentro’, aí eu entendi o que ela estava querendo dizer”, conta. As informações são do G1.

A adolescente teve que convencer a segurança de que não queria pedir dinheiro ou comida no local, e sim consumir os serviços da padaria. “Eu falei: ‘não moça, eu sou cliente, eu vim aqui comprar’. Eu tentei explicar a situação, aí ela pediu desculpas, e eu entrei”, relata.

Para o pai da garota,o defensor público Adriano Leitinho, a ação foi motivada por racismo, já que a filha é negra. “A segurança tratou a minha filha como pedinte apenas por ser negra, ligando a cor à pobreza, o que é inadmissível e é racismo”, disse.

No momento da abordagem, Mel estava vestida com um kimono usado para praticar jiu jitsu. “Ela não estava pedindo nada a ninguém. E mesmo se estivesse, não justificava a abordagem racista e discriminatória”, pontua Adriano, que registrou uma notícia-crime na Delegacia da Defesa da Criança e do Adolescente.

De acordo com a TV Verdes Mares, de Fortaleza, a gerente do Shopping Pátio Portugaleria, Lúcia Alves, confirmou o episódio e disse ter se desculpado com Mel e Adriano. Ela afirmou que a segurança viu a adolescente correr entre um posto de combustível e o shopping, e, por isso, achou que a menina era pedinte. Na quinta-feira (23/9), a segurança pediu demissão. “Nós temos 20 anos aqui e nunca aconteceu nada parecido. Pedimos desculpas pelo acontecimento”, pontuou a gerente.

 

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