CORONAVÍRUS

Pesquisa mostra que voltar à igreja é prioridade do brasileiro no pós-pandemia

Estudo revela que voltar a participar de celebrações e cultos é a atividade prioritária que a maior parte dos brasileiros, sobretudo os mais velhos, querem retomar após a pandemia da covid-19. Para os mais jovens, a preferência é ir a teatros ou a shows

Bernardo Lima*
postado em 25/09/2021 06:00 / atualizado em 25/09/2021 10:52
Dulce de Amaral:
Dulce de Amaral: "O que eu mais sinto vontade de fazer é abraçar as pessoas, amigos, filhos e colegas" - (crédito: Arquivo Pessoal)

Voltar a frequentar a igreja é a atividade prioritária para 26% dos brasileiros após o fim da pandemia, segundo pesquisa divulgada pela empresa Bateiah. O levantamento mostra as principais atividades que as pessoas pretendem desenvolver depois que o novo coronavírus deixar de ser uma ameaça à saúde e à vida humanas. Em segundo lugar entre as escolhas dos pesquisados vem o turismo, com 17,8% manifestando a intenção de fazer uma viagem no pós-pandemia.

No levantamento dos dados, foram realizadas 1.455 entrevistas por telefone entre 8 e 27 de julho. Para definir as amostras, a pesquisa levou em conta as faixas etárias e o gênero dos entrevistados, ponderados com base em dados censitários do IBGE. A margem de erro é de 2,6%, para um nível de confiança de 95%.

Ir à igreja é destaque entre os mais velhos. Essa é a intenção de 34,5% das pessoas com idade entre 40 e 49 anos, e de 33,1% dos entrevistados que têm 50 anos ou mais. Coordenador da pesquisa, o sociólogo Fábio da Silva Gomes explica que isso se deve ao fato de a maioria dos fiéis cristãos no Brasil ser formada por pessoas com idade mais avançada. “Se você pegar as denominações mais históricas, pentecostais, neopentecostais e católicas, você verá que elas são majoritariamente formadas por pessoas com mais idade”, disse.

Segundo Fábio, a liderança da igreja na pesquisa se deve à grande população cristã presente no país. “Se você somar evangélicos e católicos, temos quase 90% da população brasileira, que são majoritariamente pessoas com mais idade. Óbvio que têm jovens, mas não na mesma proporção do total da população.”

Já entre a população abaixo dos 30 anos, o plano de ir ao teatro ou a shows é predominante. Dos 20 a 29 anos, a porcentagem é de 14,6% e a mesma proporção é vista entre os jovens abaixo de 19 anos. “Entre os mais jovens, predomina a intenção de frequentar centros em comércios populares e shows. É uma questão de interesse, o que mais fez falta durante a pandemia”, diz o coordenador da pesquisa.

A estudante Byanca Carvalho de Souza, de 20 anos, foi uma das entrevistadas. Ela escolheu igreja, academia e viagens como as atividades prioritárias após a pandemia. “Para mim, esses são ambientes com ações que me incentivam a pensar que posso viver o mais normalmente possível, apesar da pandemia. Me cativam para não desanimar e continuar a vida”, disse.

Byanca vem frequentando a igreja e a academia com todos os cuidados necessários e com frequência menor do que antes. Agora, com avanço da vacinação, ela se sente mais segura para fazer as atividades de que mais gosta. “Apesar de não estar totalmente ausente do risco, pelo menos existe uma segurança a mais devido às vacinas e precauções.”

Renda

A pesquisa também mostra diferenças nas prioridades pós-pandemia entre pessoas de diferentes faixas de renda. Dos que têm renda familiar de até dois salários mínimos mensais, 31,8% veem a igreja como a primeira opção de atividade a fazer. Entre os que têm renda familiar acima de 10 salários mínimos, 27,4% pretendem fazer viagens de longa distância (avião) quando a pandemia acabar.

Fábio da Silva destaca que as igrejas aparentam ser o segmento com melhores perspectivas apontadas pela pesquisa, mas diz que um olhar mais atento indica o varejo como setor mais beneficiado pelos dados. “Se você somar os centros de comércio popular aos restaurantes e shoppings, já temos quase 30% para o varejo, já ultrapassa a igreja. Se segmentarmos os dados para o varejo, esse é o setor que mais ganha”, pontuou.

Dulce de Amaral, 62 anos, não quer viajar, ir para a igreja ou restaurantes no fim da quarentena. “O que eu mais sinto vontade de fazer depois da pandemia é abraçar as pessoas, amigos, filhos e colegas”, disse ela. Apesar da saudade dos abraços, a servidora pública continua cuidadosa e diz que só vai voltar a abraçar quando não houver mais mortes por covid-19 no país. “Acho que só vou me sentir segura quando o índice de morte baixar para zero”, afirmou.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Profissionais de saúde terão 3ª dose

 (crédito: Frederic J. Brown/AFP)
crédito: Frederic J. Brown/AFP

O Ministério da Saúde aprovou a aplicação de dose de reforço da vacina contra a covid-19 para profissionais da saúde. O anúncio foi feito pelo ministro Marcelo Queiroga, por meio de rede social. O ministro está em Nova York, onde faz quarentena em razão de ter tido diagnóstico positivo para a doença durante a visita do presidente Jair Bolsonaro para a Assembléia Geral da ONU.

“Acabamos de aprovar a dose de reforço para profissionais de saúde, preferencialmente com a Pfizer, a partir de seis meses após a imunização completa. Essa já é a maior campanha de vacinação da história do Brasil. Brasil unido por uma #PátriaVacinada”, disse Queiroga, na publicação.

A dose de reforço está sendo aplicada atualmente, no país, em idosos acima de 70 anos e em imunossuprimidos. Recentemente, essa imunização tem levantado discussões em relação ao produto a ser administrado.

Anteontem, a prefeitura de São Paulo permitiu que os profissionais de saúde se cadastrassem na chamada “xepa” (sobra de doses) para receber uma dose de reforço da vacina contra a covid-19. Os interessados devem ter mais de 18 anos e precisam ter tomado a segunda dose ou dose única há pelo menos seis meses

Queda

Em novo levantamento divulgado ontem, a Fiocruz confirmou a tendência de queda dos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no País. Segundo o Boletim InfoGripe, apenas três estados apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo, que considera seis semanas: Espírito Santo, Piauí e Rondônia. Além deles, Amapá, Amazonas, Bahia, Pernambuco, Rio e Tocantins apontam para aumento de casos na tendência de curto prazo, que considera as três últimas semanas. Em contrapartida, 12 Estados têm sinal de queda na tendência de longo prazo. Segundo a Fiocruz, Amazonas, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe apresentaram melhora nos números.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação