A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta quarta-feira (22/12), a chefe de gabinete do governo do Acre, Rosângela Gama, acusada de obstruir a operação que investiga crimes de corrupção e lavagem de dinheiro relacionados a membros do governo. A mulher, que trabalha diretamente para o governador do estado Gladson Cameli (Progressistas), tentou “destruir provas essenciais para a continuidade das apurações”.
De acordo com a corporação, a tentativa de obstrução começou logo após a primeira fase da Operação Ptolomeu, deflagrada em 16 de dezembro, com o cumprimento de 41 mandados de busca e apreensão.
Rosângela foi identificada como uma dos servidores que atuavam para remover pistas que levariam à organização criminosa composta por empresários e agentes públicos do governo do Acre que aparelharam o estado para desviar recursos públicos e cometer o crime de lavagem de dinheiro.
“Diante da gravidade dos fatos ocorridos, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decretou a prisão preventiva da chefe de gabinete do governador do Estado, além da imediata instauração de novo inquérito policial, visando a apuração do crime de obstrução de investigação de organização criminosa”, explicou a PF em nota.
Outros cinco mandados de busca e apreensão serão cumpridos nesta quarta-feira (22/12), na capital Rio Branco, no endereço dos outros servidores identificados de cometer o crime de obstrução.
O Correio entrou em contato com o governo do Acre para comentar o caso, mas até o fechamento desta matéria não recebeu respostas. O espaço está aberto para futuras manifestações.
Primeira fase: 41 mandatos e R$ 3,4 milhões apreendidos
Em 16 de dezembro, os moradores do Acre se surpreenderam com a deflagração da Operação Ptolomeu. O grupo de policiais da Polícia Federal cumpriu 41 mandados de busca e apreensão, inclusive no apartamento do governador Gladson Cameli (PP), além do Palácio Rio Branco e da Casa Civil.
Além disso, a corporação apreendeu mais de R$ 3,4 milhões — entre dinheiro e bens — dos investigados. Foram seis veículos, estimados em R$ 1,7 milhão; R$ 600 mil em notas de reais, dólares e euros; 33 relógios e 10 jóias de alto valor, que totalizaram R$ 1 milhão; e R$ 139 mil em celulares.
Rosângela Gama foi alvo da primeira fase da operação, junto ao secretário de Estado da Indústria, Ciência e Tecnologia, Anderson Abreu de Lima — que também é tio do governador; e o assessor do escritório do governo do Acre em Brasília, Sebastião Rocha.
O chefe de segurança do governador, que tem status de secretário da Casa Militar, Amarildo Camargo, também foi um dos alvos da PF.
A operação também cumpriu o mandado de prisão contra o empresário e empreiteiro Rodinei Soares.
A Controladoria-Geral da União (CGU) apurou que as empresas envolvidas no esquema têm diversos contratos com o governo do Acre, entre convênios federais e repasses ao Sistema único de Saúde (SUS) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). O valor total dos contratos de sete empresas envolvidas somam mais de R$ 142 milhões.
Foram identificadas transações financeiras suspeitas, pagamentos de boletos de cartão de crédito, transações de imóveis de alto valor e aquisições de veículos de luxo por valores mais baixos do que os de mercado.
Os suspeitos também movimentavam quantidades expressivas de dinheiro em espécie e utilizavam a segurança pública do estado para manter os repasses “em segurança”. A PF indica que R$ 800 milhões foram movimentados pelo grupo, “montante totalmente incompatível com o patrimônio e a atividade empresarial dos investigados”.
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