VACINAS

Mesmo após anúncio de Doria, ainda não há prazo para aplicação da quarta dose

O secretário estadual da Saúde, porém, diz que a prioridade é finalizar o esquema vacinal em toda a população: mais de 2 milhões não chegaram a receber a segunda dose

GABRIELA BERNARDES* MARIA EDUARDA ANGELI*
postado em 09/02/2022 19:22 / atualizado em 09/02/2022 19:25
 (crédito: Governo do Estado de São Paulo)
(crédito: Governo do Estado de São Paulo)

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou, nesta quarta-feira (9/2), que o estado vai aderir à aplicação da quarta dose da vacina contra covid-19 “independentemente de haver ou não recomendação do Ministério da Saúde”. O novo reforço já foi adotado em Israel e no Chile e, mais recentemente, em idosos do município de Botucatu.


Não há prazo, porém, de quando a quarta dose será disponibilizada para a população geral. O fato é que a aplicação seguirá os mesmos critérios utilizados até agora: ordem estabelecida por faixa etária e com prioridade para imunossuprimidos e para portadores de comorbidades.


Para o infectologista Julival Ribeiro, é importante pensar na próxima dose de reforço, mas seguindo as prioridades. “Israel já está fazendo. Acho que as pessoas com comorbidades e pessoas idosas devem ser a prioridade. Neste momento acho que não há estudos para se fazer em toda população e sim nos grupos mais vulneráveis”, disse.


O especialista chama para atenção para outro ponto: a ômicron. “Outra questão a se fazer é se deve ser criada uma vacina específica para ômicron ou continuar com as mesmas vacinas, que estão se mostrando efetividade em prevenir casos graves, hospitalizações e mortes. O que se sabe é que com o decorrer do tempo, quem teve a doença e foi também vacinado, vai caindo a proteção” discute.


Até agora, a quarta aplicação está liberada no Brasil para pessoas imunossuprimidas – com quatro meses de intervalo da terceira dose –, após nota técnica da Saúde de dezembro. Estão incluídas pessoas em tratamento quimioterápico para câncer; com HIV/Aids; com imunodeficiência primária grave; ou que possuem órgão sólido transplantado ou células tronco hematopoiéticas e que estejam fazendo uso de drogas imunossupressoras. As vacinas autorizadas são as da Pfizer, AstraZeneca e Janssen.


Segundo o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, o principal, no momento, é terminar o esquema vacinal dos moradores do estado, já que quase 2,2 milhões ainda não receberam sequer a segunda dose. "Entendemos que, nesse momento, temos que focar naqueles que não estão adequadamente imunizados”, afirmou em coletiva. Atualmente, a maior parte da população toma a terceira dose.


Estudos


Enquanto diversas pesquisas apontam para a eficácia da terceira dose, ainda existem poucas conclusões sobre o desempenho da quarta. Israel, porém, divulgou alguns resultados de um estudo preliminar feito com voluntários no país, que mostrou que idosos com mais de 60 anos submetidos à aplicação do segundo reforço apresentaram três vezes mais resistência contra quadros graves de Covid-19, em relação àqueles em que a quarta dose não foi administrada.


Embora tenha um resultado excepcional nos casos envolvendo as cepas alfa e delta, a segunda dose de reforço não aumentou a proteção contra a variante ômicron, definida por especialistas como a que possui maior poder de transmissibilidade, mas não costuma acarretar problemas para os pacientes.


Nesta semana, a Fiocruz abriu vagas para voluntários que queiram participar de pesquisas sobre a quarta dose na cidade do Rio de Janeiro – no total, serão 9 mil pessoas selecionadas, que devem ter recebido vacinas da Pfizer, CoronaVac ou AstraZeneca. A expectativa é de que o estudo preliminar da instituição esteja concluído até o fim do primeiro semestre de 2022.

*estagiárias sob supervisão de Pedro Grigori

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