ACUSAÇÃO

Justiça libera matéria que expõe novas denúncias de assédio contra Melhem

Segundo a revista Piauí, o homem agarrou uma mulher enquanto estava de toalha e com o pênis ereto

Ronayre Nunes
Pedro Grigori
postado em 14/02/2022 22:09 / atualizado em 14/02/2022 22:10
Pelas redes sociais, Melhem respondeu à matéria -  (crédito: Reprodução)
Pelas redes sociais, Melhem respondeu à matéria - (crédito: Reprodução)

Nesta segunda-feira (14/2), a revista Piauí divulgou novos detalhes sobre as denúncias de assédio sexual e moral envolvendo oito mulheres contra o ator, diretor e roteirista, Marcius Melhem. A matéria estava pronta desde o ano passado, mas foi proibida de ser veiculada por decisão da juíza Tula Corrêa de Mello, da 20ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, a pedido dos advogados de Melhem. No dia 31 de janeiro deste ano, o ministro Gilmar Mendes derrubou a decisão, considerando se tratar de uma censura à imprensa, o que viola a Constituição.

No material divulgado nesta segunda, a revista apresentou os desdobramentos do caso com um novo relato. A mulher em questão não teve o nome divulgado, mas estaria envolvida na produção do Tá no ar: a TV na TV, que foi transmitida pela rede Globo de 2014 a 2019. A mulher conta que após um banho, antes de uma confraternização de elenco no Rio de Janeiro, Melhem saiu de toalha, com o pênis ereto, tentando agarrá-la.

Após a resistência da mulher, o homem a soltou, mas fez menção ao episódio por trocas de mensagem no WhatsApp.

A situação ocorreu em um flat que funcionava como redação do departamento de humor da atração. “Melhem receberia as atrizes só de cuecas, ou ainda com as calças abaixadas, ou sem calças. Uma relata ter sido chamada de 'piranha', outra que lembra de ele apontar para o banheiro e dizer 'Vamos?', em tom convidativo, propondo sexo”, diz trecho da reportagem.

Resposta

Pelas redes sociais, Melhem respondeu à matéria. O homem indicou que está respeitando o sigilo judicial do processo e que o texto é uma “covardia”. Na nota assinada pelos advogados, Melhem também acusa a revista de ser “assessora de imprensa da acusação''.

Leia na íntegra:

Dani Calabresa denunciou ator 

 A primeira vítima a levar as denúncias de assédio contra Marcius Melhem à alta cúpula da Rede Globo foi a atriz e apresentadora Dani Calabresa. O relato foi detalhado em uma reportagem publicada pela Revista Piauí em dezembro de 2020. Além dela, 43 pessoas foram ouvidas, incluindo duas vítimas de assédio sexual, sete vítimas de assédio moral e três vítimas dos dois tipos de assédio.

A reportagem se inicia com o relato de uma festa do elenco do Zorra em 5 de novembro de 2017. Em um momento em que parte do elenco cantava no karaokê, Marcius forçou contato contra Dani, puxou a cabeça da atriz na direção dele e tentou beijá-la. Dani conseguiu se desvencilhar e saiu do local. Toda cena ocorreu em cima de um palco.

Minutos depois, Dani foi ao banheiro, e quando saiu deu de cara com Marcius. Ele tentou agarrá-la, com uma das mãos imobilizou os braços da atriz e a puxou para um beijo. Assustada, Dani cerrou os lábios e virou o pescoço, mas ele conseguiu lamber o rosto da atriz. Em seguida, o ator tirou o pênis para fora da calça.

Enquanto a atriz tentava soltar os braços e fugir, acabou encostando a mão e quadris no pênis de Melhem. Ela saiu do local, se encontrou com amigos e teve uma crise de choro. Os atores Luis Miranda e George Sauma ofereceram a ela um copo d’água e confortaram a amiga.

Três dias depois, Melhem encontrou Dani nos estúdios da Globo e fingiu que o assédio foi uma cena de humor. "Eu não tenho culpa do que aconteceu! Quem mandou você estar muito gostosa", disse. As duas cenas tiveram testemunhas.

Dani decidiu deixar o elenco do Zorra. Ela se mudou para os Estados Unidos e teve coragem de denunciar o caso para a chefe de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico (DAA), Monica Albuquerque. A revista revela que a primeira decisão em relação ao fato foi recomendar uma terapia ao acusado, sem nenhuma advertência.

Em seguida, o caso foi levado a Carlos Henrique Schorder, diretor da área de entretenimento, esporte e jornalismo da emissora, que solicitou que uma investigação fosse feita. Durante a condução da investigação, novos casos contra o então diretor do Zorra apareceram. Três atrizes falaram do incômodo de contracenar com ele e citaram situações em que Melhem roçava o pênis ereto nelas.

Em agosto de 2020, quatro meses antes da publicação da reportagem da Piauí, a Rede Globo decidiu encerrar o contrato com Melhem após 17 anos. De acordo com nota divulgada pela emissora, encerraram a parceria “em comum acordo”.

Em janeiro deste ano, após mais de um ano de investigações, a Globo decidiu arquivar o caso por não conseguir confirmar as denúncias de Dani. Melhem processou Calabresa por danos morais, calúnia e difamação e pediu R$ 300 mil de indenização.

 

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