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Homem chama a polícia para ele mesmo após ameaçar ex-mulher de morte

Confeiteiro contou que não se conformava com o fim do relacionamento e que estava prestes a cometer um crime quando parou uma viatura no meio da rua: "Não quero ser mais um que mata mulher (...) estou aliviado"

Jéssica Gotlib
postado em 23/02/2022 11:46
Samuel disse que sabia que estava prestes a fazer uma coisa errada e preferiu passar algum tempo na prisão a machucar a ex-companheira -  (crédito: TV Gazeta/Reprodução)
Samuel disse que sabia que estava prestes a fazer uma coisa errada e preferiu passar algum tempo na prisão a machucar a ex-companheira - (crédito: TV Gazeta/Reprodução)

Uma denúncia de ameaça de feminicídio chamou a atenção em Vitória, Espírito Santo. O confeiteiro Samuel Santos Souza, de 24 anos, parou uma viatura da Polícia Militar em uma rua do bairro Resistência para dizer que a ex-mulher dele e a filha corriam risco de vida. O agressor? Ele mesmo.

Segundo o próprio Samuel disse, em entrevista à TV Gazeta nesta quarta-feira (23/2), os dois terminaram um relacionamento de quatro anos há alguns meses, mas o ele não aceitava o fim. “Eu ameacei ela, mandei várias mensagens, dizendo que se ela não voltasse comigo ia matar ela e o cara que estava com ela. Essa é a realidade, entendeu?! Então, pra isso não acontecer, eu abri um BO (boletim de ocorrência) contra mim mesmo. Para proteger a vida dela e a da minha filha também”, explicou.

Em seguida, ele dá detalhes do que aconteceu no dia em que procurou a PM. “Eu fui na residência dela, me alterei, queria invadir a casa dela, ela se sentia coagida, passou uma viatura e eu mesmo chamei a viatura para mim”, contou. A ex-mulher de Samuel também falou ao telejornal, mas pediu para não ser identificada.

Ela confirmou toda a história e mostrou áudios em que o confeiteiro diz que vai atirar nela e no novo namorado. “Ele estava me ameaçando constantemente, o tempo todo e você via no olhar dele que ele não estava sozinho”, declarou. Segundo a vítima, nunca existiram agressões durante o período de relacionamento. “Ele nunca me bateu, por esse lado ele era tranquilo”, lembrou.

A família da mulher está amedrontada e pensa em usar o tempo em que o confeiteiro estiver na prisão para encontrar estratégias para proteger a vida dela e de todos os parentes próximos. Samuel também disse que deve aproveitar os dias que ficar preso para colocar os pensamentos em dia. Ele diz claramente que premeditava o crime e que sabia que seria capaz de executá-lo caso não tivesse tomado a medida drástica contra si mesmo.

“Eu tenho consciência de que estou errado, foi exatamente porque eu tive essa atitude. Porque eu não quero ser mais um que mata mulher, eu nunca bati em mulher nenhuma na minha vida. Meus pais me ensinaram o certo e o errado e a decisão que eu ia tomar seria errada, entendeu?”, justificou.

Quando perguntado sobre o fim do relacionamento e sobre as possíveis consequências da prisão na própria vida, o homem chega a sorrir. “Traí ela três vezes, é a realidade, não vou ficar inventando mentira numa entrevista”, diz. Mais adiante ele fala sobre os planos para o futuro. “Vou ficar um ano e seis meses, tranquilo. Tenho minha profissão, volto a trabalhar de novo, mas ela vai continuar tranquila, vai continuar bem”, argumenta.

Samuel está preso em flagrante pelo crime de ameaça nos termos da Lei Maria da Penha, segundo Boletim de Ocorrência lavrado pela Polícia Civil no Plantão Especializado de Atendimento à Mulher (PEM). A prisão preventiva foi convertida em temporária e ele foi encaminhado ao serviço médico para ter a saúde mental avaliada.

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