RPG multidisciplinar

OMS publica game criado por alunos do UniBH para diagnóstico de covid

Primeiro produto do Health Lab do Centro Universitário é um RPG para auxiliar estudantes de Medicina no diagnóstico de infecção pelo coronavírus

Amanda Serrano - Estado de Minas
postado em 23/02/2022 16:12 / atualizado em 23/02/2022 16:13
RPG criado por alunos do UniBH, para auxiliar estudantes de Medicina no diagnóstico de Covid-19 -  (crédito:  Rede Comunicação/Divulgação)
RPG criado por alunos do UniBH, para auxiliar estudantes de Medicina no diagnóstico de Covid-19 - (crédito: Rede Comunicação/Divulgação)

Criado para fomentar a inovação tecnológica, o empreendedorismo e a gestão em saúde no ambiente acadêmico, o Health Lab do UniBH é um espaço multidisciplinar, que reúne professores e alunos de graduações variadas para desenvolver produtos que sejam relevantes tanto para a formação, quanto para a sociedade.

Alunos do curso de Medicina se uniram aos estudantes da Tecnologia da Informação (TI) e do Design para desenvolver um game voltado ao diagnóstico de covid-19.

A importância deste RPG lúdico e extremamente educativo foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que publicou o projeto em sua base de dados, dentro do rol de estudos internacionais com foco na pandemia do novo coronavírus. Sob orientação dos professores Samara Leal, Flávio Souza e Marconi Augusto, os alunos se debruçaram no desenvolvimento do game por cerca de um ano e meio.

Gregory Lauar, estudante do 10º período de Medicina e um dos integrantes do grupo, que no total contou com cerca de 40 alunos, revela que a ideia era criar algo que saísse do convencional e fosse além do modelo “aula teórica e estudo”.

“Sabíamos desde o início que queríamos desenvolver algo diferente para os estudantes de Medicina e o game foi o nosso norte. Teríamos um caso clínico para ‘guiar’ as fases e com o advento da pandemia, veio a ideia de ensinar as diretrizes para esse tipo de diagnóstico.”

 

A partir daí, foi preciso mobilizar os estudantes para que o game - por ora chamado de “Med Test” –, ganhasse forma. “As ciências se comunicam. Então, coube aos alunos da Medicina propor o caso clínico do game, com a assessoria dos professores do curso, enquanto as equipes de TI e Design se dedicaram aos aspectos de cenário e desenvolvimento”, explica Lauar.

Caminho até a OMS

Para que o projeto do Med Test fosse publicado pela OMS, foi preciso antes, ter o reconhecimento de outros órgãos e entidades referendadas no nicho da saúde.

Samara Leal, coordenadora do Health Lab do UniBH, destaca que o projeto foi inscrito e publicado em congressos nacionais e internacionais. A partir do reconhecimento obtido no ID Week (Infectious Diseases), realizado anualmente nos Estados Unidos, o game foi atestado pela entidade máxima da saúde mundial.

“A OMS tem uma estrutura dedicada à literatura recomendável para Covid. Nosso RPG foi atestado pela Organização e agora, faz parte dessa singular base de dados. A conquista é muito relevante não só para o UniBH e toda equipe envolvida. É algo expressivo para a inovação e pesquisa do Brasil! Nossos alunos nunca imaginaram que poderiam desenvolver algo do tipo, com tamanho alcance. Estamos orgulhosos!”, esclarece Leal.

Para Gregory Lauar, que pretende se especializar em cirurgia, a sensação de contribuir com a literatura médica antes mesmo de se formar é única. “Quando o game foi reconhecido pelo ID Week, festejamos muito. Ver o projeto sendo replicado pela OMS é inexplicável. Realizamos algo inédito. Existem softwares e programas que propõem esse diagnóstico para Covid, mas este é o primeiro game voltado para este objetivo”, ressalta o estudante, que atribui como maior desafio da empreitada, justamente o ineditismo da iniciativa.

O Jogo

O game tem desenho simples, desenvolvido em 8 bits (1 byte, configuração de imagem mais comum) e apresenta como cenário um hospital, com elementos artísticos que remetem à uma unidade convencional de saúde. Então, o jogador – no caso o estudante de Medicina – inicia o diálogo com o avatar do paciente (computador).

A partir dessa entrevista de anamnese (histórico de todos os sintomas narrados pelo paciente), o jogador é direcionado para a seção de decisões, e vai sendo guiado pelo game a investigar o caso. “Ele então escolhe a opção múltipla escolha de um conjunto de respostas possíveis e no final, recebe um feedback dos erros e acertos. A medida em que erra ou acerta, o paciente perde ou ganha vida”, detalha Lauar.

 

Flávio Souza, coordenador e orientador do squad do Health Lab, conta que a publicação pela OMS foi um divisor de águas para todos os envolvidos.

“É um reconhecimento ao que temos feito no ambiente acadêmico. Com esse feito, ganhamos força para avaliar com os parceiros investidores do projeto, o grau de impacto do game e assim alinhar as estratégias para avançar e ratificá-lo como um processo de apoio ao ensino médico de modo amplo.”

 

O desenvolvimento do game teve o apoio da RCS, empresa especializada em gestão na área da saúde; e da Eu Saúde, que atua com telemedicina.

“A alta demanda por profissionais de tecnologia metaverso, gameficação e desenvolvimento de aplicativos é um atrativo para que empresas invistam em propostas como a do Health Lab. Muitas não conseguem inovar pela carência de profissionais capacitados. No UniBH temos este espaço de desenvolvimento tecnológico, que caminha junto com as necessidades do mercado. É um modelo que começa com experimentação, em um ambiente onde o erro não compromete o desempenho da empresa parceira. O caminho da inovação passa por pensar fora da caixa. E é isso que o Heath Lab propõe”, conclui Samara.

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