Violência

Após 4 anos, a pergunta segue: quem mandou matar Marielle?

Passados 1.462 dias da execução da vereadora e de Anderson Gomes, motorista que a conduzia na noite de 14 de março de 2018, ainda não se sabe a razão de terem sido emboscados no Estácio, quando foram assassinados

Maria Eduarda Cardim
Maria Eduarda Angeli*
postado em 15/03/2022 06:00
Carro com Marielle e Anderson é periciado depois do crime -  (crédito: Mauro Pimentel/AFP)
Carro com Marielle e Anderson é periciado depois do crime - (crédito: Mauro Pimentel/AFP)

Quem mandou matar Marielle Franco e Anderson Gomes? A pergunta continua sem resposta quatro anos depois dos assassinatos da vereadora do Rio de Janeiro e do motorista que trabalhava para ela. O crime, cometido no bairro do Estácio, região central da capital fluminense, até o momento não condenou ninguém.

O sargento reformado da Polícia Militar do Rio de Janeiro Ronnie Lessa e o também ex-PM Élcio de Queiroz — o primeiro apontado por ter feito os disparos que mataram a vereadora e o segundo de dirigir o carro usado no assassinato —, estão sob custódia desde 2019. Até hoje não foram encontrados a arma e o carro usado no crime.

Ronnie e Élcio serão levados a júri popular, considerando situação de duplo homicídio triplamente qualificado por motivo torpe — emboscada e sem dar chance de defesa às vítimas. O julgamento, porém, permanece sem data marcada.

Ronnie e Élcio: acusados, presos, mas ainda não julgados
Ronnie e Élcio: acusados, presos, mas ainda não julgados (foto: AFP)

Depois de 1.462 dias — contagem feita pelo site do Instituto Marielle Franco —, as investigações do crime deram poucas respostas. Pior, as apurações são repletas de fatores incomuns: cinco delegados já estiveram no comando das investigações; além disso, as promotoras Simone Sibilio e Letícia Emile abandonaram, voluntariamente, a força-tarefa que apurava o caso, em julho de 2021, por motivo de "risco de interferência externa".

À época procuradora-geral da República, Raquel Dodge pediu, em 2019, a federalização do crime argumentando que, 18 meses depois dos assassinatos, a polícia carioca não dera respostas satisfatórias sobre o episódio. Mas, no ano seguinte, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido e manteve as apurações no Rio de Janeiro.

Antes, o Ministério da Justiça pedira à Polícia Federal que entrasse no caso para "investigar a investigação" à cargo da Polícia Civil do Rio.

Reações

Anielle Franco, irmã da vereadora e diretora do Instituto Marielle Franco, indignou-se com os quatro anos sem respostas. "Difícil expressar em palavras tudo que me atravessa no dia de hoje. Exigimos saber quem mandou matar Marielle Franco e por quê. É pela democracia brasileira", publicou no Twitter.

O ex-presidente e candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também lastimou o caso até hoje aberto. "Um crime brutal e político. Ainda não sabemos quem são os mandantes", escreveu.

O também pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) destacou que "forças poderosas impedem o esclarecimento desses crimes brutais. Que Brasil é este?"

Marcelo Freixo, pré-candidato do PSB ao governo do Rio de Janeiro e amigo de Marielle, lembrou: "Quiseram calar Marielle, mas sua voz ecoa em todos os cantos", tuitou.

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.