Justiça

Filho que matou mãe e irmã com 36 e 49 facadas é condenado a 29 anos

A condenação aconteceu durante sessão plenária do Tribunal do Júri em Monte Azul, Norte de Minas Gerais. Mãe e filha dormiam no momento em que foram executadas, autor tentou suicídio

Bruno Luis Barros - Especial para o EM
postado em 09/04/2022 18:12 / atualizado em 10/04/2022 14:17
Eustáquio Jamerson Santos Jorge, de 21 anos, executou a mãe Marta Cristina Santos Jorge, de 49, e a irmã, de 14, em Monte Azul, no Norte de Minas -  (crédito: Redes Sociais/Reprodução)
Eustáquio Jamerson Santos Jorge, de 21 anos, executou a mãe Marta Cristina Santos Jorge, de 49, e a irmã, de 14, em Monte Azul, no Norte de Minas - (crédito: Redes Sociais/Reprodução)

O jovem Eustáquio Jamerson Santos Jorge, de 21 anos, foi condenado a 29 anos e seis meses de prisão pelos assassinatos da própria mãe e da irmã na cidade de Monte Azul, no Norte de Minas. Marta Cristina Santos Jorge, de 49, e a adolescente, de 14, dormiam no momento em que foram executadas a facadas. Em seguida, o autor tentou suicídio, mas sobreviveu e se entregou à polícia.

A condenação aconteceu durante sessão plenária do Tribunal do Júri, no município mineiro, em 30 de março, mas só foi divulgada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) nessa sexta-feira (8/4). Conforme a peça acusatória da promotoria, Eustáquio, à época com 20 anos, esfaqueou a mãe e a irmã 36 e 49 vezes, respectivamente. Os crimes aconteceram durante a madrugada de 9 de junho de 2021.

De acordo com a denúncia oferecida pelo MPMG, o pai, caminhoneiro, e a mãe, que era manicure, viviam com os filhos, de 20 e 14 anos. Porém, a partir de 2019, as brigas entre o pai e o filho se tornaram constantes. O pai cobrava do jovem que arrumasse um trabalho, enquanto ele, cada vez mais agressivo, se recusava a sair de casa, alegando ter síndrome do pânico e outros problemas que o tornavam antissocial.


Na ocasião, a família propôs que o rapaz iniciasse um tratamento médico, mas ele recusou sob pretexto de não aceitar o dinheiro dos pais. Logo, como pontua o MP, o jovem criou “uma falsa armadilha mental”, na qual recusava-se a trabalhar por alegar síndrome do pânico e não aceitava o tratamento porque seria pago pelos pais. Logo, sem emprego, não poderia arcar com o tratamento do problema que alegava impedi-lo de ter um trabalho.

Para o promotor de Justiça Flávio Barreto Feres, o caso causou grande comoção na cidade, e a crueldade e falta do remorso do acusado chamaram a atenção dos jurados durante o julgamento. Conforme pontua a promotoria, o réu tentou “distorcer os fatos para justificar a sua conduta, transferindo a culpa de suas ações ao suposto bullying sofrido, consistente na exigência dos pais para que ele trabalhasse”.

Antes dos assassinatos, cachorro da irmã também foi morto

Como as brigas entre pai e filho eram cada vez mais constantes, a mãe sugeriu ao marido que ela e os dois filhos fossem morar em outra casa, o que foi feito.

“Já na nova residência, na ausência da mãe e da adolescente, que frequentemente visitavam o pai, o rapaz matou o cachorro da irmã e escondeu o corpo em um terreno vizinho”, diz o Ministério Público mineiro, acrescentando que, pouco tempo depois, ele executou a mãe e a irmã.

O dia do crime

Após cometer o duplo homicídio, na madrugada de 9 de junho do ano passado, Eustáquio Jamerson Santos Jorge tentou se matar ao cortar os pulsos, além de aplicar um golpe de faca no próprio pescoço. Como não conseguiu o autoextermínio, ele foi de bicicleta até o quartel da PM na cidade, onde se entregou e confessou os crimes.

Posteriormente, ele foi encaminhado para o Hospital Nossa Senhora das Graças, em Monte Azul, onde ficou internado, sob escolta policial.

“Indignação, pois minha mãe e minha irmã falam que sou eu o motivo da separação entre ela (a mãe) e meu pai.” De acordo com boletim de ocorrência da Polícia Militar, ao qual o Estado de Minas teve acesso à época, essa foi a resposta do autor confesso ao ser questionado sobre a motivação do duplo homicídio.

Mais de nove meses após o crime, Eustáquio foi condenado. O Ministério Público, porém, não esclareceu se ele permaneceu preso desde que cometeu o duplo homicídio.

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