Invasão de terras indígenas

Associações científicas pedem proteção do povo Xipaya, no Pará

Em nota divulgada neste sábado (16/4), as entidades pedem proteção imediata da aldeia Kaarimá, invadida por garimpeiros na última quinta (14), e do povo Xipaya

Victor Correia
postado em 16/04/2022 18:31 / atualizado em 16/04/2022 18:33
Ataque aconteceu após o fim do 18º Acampamento Terra Livre, em Brasília -  (crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)
Ataque aconteceu após o fim do 18º Acampamento Terra Livre, em Brasília - (crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)

Um grupo de associações científicas divulgou nota, neste sábado (16/4), repudiando a invasão de garimpeiros à aldeia Kaarimá, a cerca de 400km da cidade de Altamira, no Pará. As entidades pedem ainda proteção imediata ao povo Xipaya, que vive na região.

"As ações até agora realizadas pelo estado brasileiro têm sido flagrantemente insuficientes para proteger as terras e os povos indígenas", afirma o documento. "Clamamos às autoridades jurídicas e governamentais que tomem medidas de urgência para impedir a permanência do garimpo e a continuação dos ataque cruéis, violentos e desumanos aos povos indígenas e particularmente, neste contexto, de violência, ao povo Xipaya".

Presença de garimpeiros com equipamento irregular

Lideranças indígenas denunciaram, na última quinta-feira (14), a presença de garimpeiros em seu território. Segundo eles, os garaimpeiros estavam montando um equipamento irregular para a extração de ouro. Quando confrontados, os invasores teriam reagido com ameaças, mas deixaram a aldeia após mobilização dos indígenas.

Na sexta-feira (15), o Ministério da Justiça e Segurança Pública deflagrou operação para proteger o território indígena, enviando agentes da Força Nacional para reforçar a segurança na região.

"Este fato gravíssimo, deve-se ressaltar, deu-se em uma véspera de feriado prolongado, com uma consequente perspectiva de diminuição de vigilância e controles locais", afirmam as associações científicas.

Ataque após o 18º Acampamento Terra Livre

Assinaram a nota a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), a Associação Nacional de Ciências Sociais (Anpocs), a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), a Sociedade Brasileira para Progresso da Ciência (SBPC), e a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS).

As entidades destacam ainda que o ataque ocorreu logo após o final do 18º Acampamento Terra Livre (ATL), maior mobilização dos povos indígenas de todo o Brasil, e após publicação de um relatório da Hutukara Associação Yanomami denunciando crimes ambientais, abuso e violência contra mulheres e adolescentes Yanomami, incluindo violência sexual por parte de garimpeiros.

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