VILA CRUZEIRO

Apreensão de armas justifica operação com 23 mortos, diz Castro

Apesar de dizer que o governo "não celebra mortes", o governador Cláudio Castro declarou que é preciso "saber diferenciar morador honesto, morador trabalhador, desses que às 4h30 da manhã andam em 'bonde' fortemente armados, com metralhadoras e granadas"

Agência Estado
postado em 30/05/2022 11:57 / atualizado em 30/05/2022 12:02
 (crédito: André Borges/AFP)
(crédito: André Borges/AFP)

O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), defendeu nesta segunda-feira, 30, a operação da semana passada na Vila Cruzeiro, na zona norte do Rio de Janeiro, que terminou com ao menos 23 mortos. Apesar de dizer que o governo "não celebra mortes", Castro declarou que é preciso "saber diferenciar morador honesto, morador trabalhador, desses que às 4h30 da manhã andam em 'bonde' fortemente armados, com metralhadoras e granadas".

As afirmações foram feitas no início da manhã, durante evento realizado em Copacabana, na zona sul do Rio, para anunciar o início do uso de câmeras em fardas de alguns batalhões da PM carioca.

"Semana passada tivemos uma operação que foi muito criticada, mas é importante esclarecermos alguns pontos. O primeiro: foi uma operação que cumpriu totalmente os preceitos da ADPF (que restringe operações em favelas do Rio). O Ministério Público estava devidamente avisado, e foi uma operação conjunta com três forças - Polícia Militar, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal", sustentou o governador.

Depois, ele justificou a operação apontando para o armamento apreendido na Vila Cruzeiro. "Somente as armas apreendidas já demonstram a necessidade que se tinha de fazer aquela operação. Uma operação que visava prender os líderes da facção criminosa mais perigosa do Rio de Janeiro", disse Castro.

O governador também ironizou as críticas de especialistas para a operação. "Eu, sinceramente, não vi nenhum especialista falando de outra maneira, do prisma daquela quantidade de armas, que disse combater a criminalidade. Eu, sinceramente, não consigo entender o que moradores, supostamente moradores, estão fazendo em 'bondes', com armas, metralhadoras e granadas, às 4h30 da manhã. A gente precisa saber diferenciar morador honesto, morador trabalhador, desses que às 4h30 da manhã andam em 'bonde' fortemente armados, com metralhadoras e granadas", reiterou o governador do Rio.

"Aquele que aponta a arma pro policial, aponta a arma para sociedade. Enquanto nós estivermos à frente, isso não será tolerado. Aqui nós não celebramos a morte de ninguém, muito pelo contrário. Nós lamentamos a morte", afirmou.

Jacarezinho

Além de defender a ação na Vila Cruzeiro, Cláudio Castro também citou a operação do ano passado na favela do Jacarezinho, a mais letal da história do Rio, que deixou 28 pessoas mortas.

A citação ao Jacarezinho aconteceu após um repórter indagar Castro se as câmeras serão levadas também para ações de policiais civis e forças especiais em operações nas favelas. Em resposta, Castro disse que isso acontecerá "quando houver um aprendizado" e que não pode colocar a vida dos policiais em risco.

"Às vezes essa turma da esquerda esquece que o policial é uma vida. Ele só pensa na vida do bandido, ele esquece da vida do policial", comentou o governador. "Por isso que aquele memorial lá, nós derrubamos ele. O nome do André não merecia estar junto com outros 27 vagabundos. O único herói aí que merecia um memorial aí era o André, que seu filho, que tem a idade do meu, chora até hoje", afirmou o governador.

O memorial citado foi um erguido na favela este mês com os nomes dos 28 mortos na operação do ano passado, incluindo o do inspetor da Polícia Civil André Leonardo de Mellor Farias. O monumento, porém, foi derrubado pela polícia.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.