PANDEMIA

Casos de covid-19 sobem em todo Brasil e voltam a preocupar

Da 21ª para a 22ª Semana Epidemiológica, Conass registrou um avanço exponencial nos casos de infecção pelo novo coronavírus. De acordo com especialistas, causas vão do abandono da máscara à baixa adesão à vacinação de reforço

Isabel Dourado*
João Gabriel Freitas*
postado em 07/06/2022 06:00
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Dados compilados pelo Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass) mostram que a covid-19 avançou com força nos últimos dias. Se comparados os números da mais recente Semana Epidemiológica, 22ª (que vai de 29 de maio a 4 de junho), com a 21ª (de 22 a 28 de maio), o novo coronavírus voltou a causar preocupações. A mais recente registrou 207.685 casos contra 166.777 da anterior.

No fechamento dos números de ontem, o Conass apurou 36 mortes e 35.783 infectados nas últimas 24 horas. No total, o país tem 667.041 óbitos e 31.195.118 casos. Os motivos que explicam o aumento das infecções ainda são os mesmos: total abandono do uso de máscara, as temperaturas mais baixas nesta época do ano, a baixa adesão à segunda e à terceira dose da vacina e a falsa ideia de uma volta à normalidade.

O abrandamento dos cuidados tem preocupado especialistas da área. Para o virologista Bergmann Morais, da Universidade de Brasília (UnB), haverá uma elevação de casos da doença. "Sem dúvida o afrouxamento dos cuidados aumenta os casos de infecção. Porque o vírus muda e vai aumentar o número de casos", alerta.

Apesar do cansaço da população em relação às pandemia — que ainda não passou, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) —, o médico sanitarista da Fiocruz de Brasília Cláudio Maierovitch lamenta o relaxamento e o desestímulo para manter as medidas de proteção.

"Aqui no Distrito Federal, tem sido visível que as medidas foram abolidas. Falta de comprovação de vacina, liberação de festa, show e aglomerações de todos os tipos. Essa nova onde é mais preocupante porque estamos chegando a um ano e meio de vacinação, e quem procurou um posto para tomar a dose de reforço começa a ficar novamente suscetível ao vírus", observa.

Subnotificação

Maierovitch salienta que, apesar do crescimento que vem sendo observado pelos órgãos de acompanhamento da covid-19, há uma subnotificação dos casos devido aos casos leves, que deixaram de ser reportados. Ou seja, os registros não refletem a real situação da infecção.

"Há uma escuridão no número real de casos. Depois de um bom tempo, conseguimos uma boa cobertura vacinal pelo menos no segmento da primeira dose da vacina, e isso faz com que a proporção de casos leves possa não estar sendo conhecida. Muitas pessoas enfrentam filas nos hospitais, mas, às vezes, não conseguem fazer o teste de covid e saem com um diagnóstico errado de sinusite ou gripe", afirma.

A falta de comunicação dos resultados positivos de autotestes também tem gerado a subnotificação. Apesar de ser apresentado como uma ferramenta prática, muitas pessoas que fazem o autoexame e testam positivo não sabem como reportar o resultado para a autoridade sanitária.

Maierovitch também aponta que a ausência de um canal oficial para a sociedade reportar o resultado do teste piora a situação das subnotificações.

"Muitas pessoas têm feito o autoteste, o problema é que não acham uma forma de comunicação. Não existe um canal para que as pessoas possam comunicar o resultado", lastima.

*Estagiários sob a supervisão de Fabio Grecchi

 


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