Amazônia

Mario Frias defende fake news sobre cidade perdida na Amazônia

O ex-secretário da Cultura recebeu em seu gabinete Urandir Oliveira, que lhe apresentou 'evidências' de Ratanabá, suposta cidade perdida no norte do Brasil

Douglas Lima - Especial para o Uai
postado em 15/06/2022 15:56 / atualizado em 15/06/2022 15:56
 (crédito: Reprodução/Instagram @mariofriasoficial)
(crédito: Reprodução/Instagram @mariofriasoficial)

Nos últimos dias, a suposta descoberta de uma civilização secreta no coração da floresta Amazônica, se espalhou com grande velocidade pelas redes sociais.

O ex-secretário Especial de Cultura do governo Jair Bolsonaro (PL), Mario Frias caiu no conto do Ratanabá, cidade submersa repleta de riquezas que estaria supostamente localizada na Amazônia.

Pelas redes sociais, ele contou que recebeu em seu gabinete Urandir Fernandes de Oliveira, presidente da Associação Dakila Pesquisas, defensor da ideia da existência do local criado há mais de 450 milhões de anos (o ser-humano existe cerca de 1 milhão). Urandir é o mesmo que apresentou o Et Bilú ao mundo em meados de 2010.

"A revelação de Ratanabá, a 'cidade perdida' na Amazônia Brasileira, virou um dos assuntos mais comentados na mídia e nas redes sociais. Segundo os números do Google Trends, a procura por “Ratabaná” teve um aumento repentino nos últimos dias. A hashtag #EmRatanabá explodiu no Twitter", iniciou Mario.

"Tenho visto muita confusão sobre o tema e quero esclarecer alguns pontos. No dia 11 de setembro de 2020, enquanto eu estava como Secretário de Cultura, recebi no meu gabinete o Urandir Fernandes de Oliveira, que é o presidente da Associação Dakila Pesquisas, entidade independente que revelou Ratanabá", afirmou.

"Na ocasião, ele me apresentou um documento que resume os estudos iniciados pela associação desde 1992, ano em que Ratanabá teria sido descoberta. Vi diversas fotos de artefatos bem elaborados de metal e de cerâmica encontrados em galerias subterrâneas no Real Forte Príncipe da Beira, no município de Costa Marques (RO). Segundo Urandir, estas galerias fazem parte do Caminho do Peabiru que são trajetos que cortam o continente sul-americano e se interconectam criando uma estrada com ramificações subterrâneas e de superfície que partem de Ratanabá", acrescentou.

Frias diz que a associação tem imagens do local, e que, até o fim do mês, "estarão processadas e vão nos mostrar o que realmente há lá".

"Os pesquisadores rastrearam o local com duas aeronaves. Uma delas foi utilizada para captar imagens por meio da tecnologia LiDAR (Light Detection And Ranging), que utiliza pulsos de laser capazes de penetrar na vegetação sem precisar desmatar a floresta"." Mario Frias

O Ecossistema Dakila, instituição sem caráter científico e órgãos oficiais de pesquisas, que diz estudar a capital perdida, defende outras teorias como a terra plana e faz parte de movimentos anti-vacina, receberam o apoio do Governo Federal.

"Os pesquisadores contaram com o apoio do Exército, do Iphan, das Forças Aéreas, da Defesa Civil, do Ministério da Defesa, entre outros órgãos. Não houveram aportes financeiros do governo federal, a Dakila utiliza recursos próprios para todas as suas pesquisas", destacou.

O instituto afirma que Ratanabá teria sido a capital do mundo há 450 milhões de anos. Entretanto, nessa época, a Terra vivia o período ordoviciano, ou seja, o planeta começava a ter os primeiros animais vertebrados.

A existência da tal cidade soterrada já foi refutada por pesquisadores que afirmam que nem a América do Sul existia no período. Por isso, não há nenhum embasamento na arqueologia e na geologia para a existência de Ratanabá.

Confira, abaixo, o post na íntegra:

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