Natureza

Conheça os primeiros filhotes brasileiros de uma espécie de tubarões do Pacífico

Os tubarões da espécie galha-branca-de-recife tiveram seus primeiros filhotes neste ano. Eles são os primeiros a nascerem em aquários brasileiros

João Gabriel Freitas*
postado em 06/08/2022 00:01 / atualizado em 06/08/2022 00:01
Tubarões da espécie galha-branca-de-recife nasceram em aquários no Brasil -  (crédito: Divulgação/AquaRio)
Tubarões da espécie galha-branca-de-recife nasceram em aquários no Brasil - (crédito: Divulgação/AquaRio)

Os tubarões da espécie galha-branca-de-recife tiveram seus primeiros filhotes brasileiros neste ano. As crias são um macho e uma fêmea, nascidos em 7 de março e 0 de maio. Esse tipo de tubarão é mais comum na região do Oceano Pacífico e está classificado como uma espécie vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

A classificação preocupa, já que indica risco elevado de extinção na natureza em um futuro bem próximo, tornando ainda mais importante os projetos de conservação. O casal que gerou os primeiros filhotes brasileiros foi trazido da Indonésia, em 2016, pelo Aquário Marinho do Rio de Janeiro (AquaRio), que trabalha com preservação e pesquisas científicas relacionadas à animais marinhos.

A instituição disse que os pequenos ainda não habitam o tanque oceânico, pois precisam adquirir maturidade suficiente para conseguirem cuidar de si sozinhos e não serem predados por outros animais que vivem no recinto.

Esse tipo de animal pode atingir até 2 metros e pesar cerca de 20kg, no entanto, com apenas dois e quatro meses de vida, o casal de filhotes de tubarão têm cerca de 50cm e pesam aproximadamente 900g.

Na natureza, os tubarões galha-branca-de-recife vivem em recifes de corais. Se fossem humanos, seriam intitulados de preguiçosos, pois passam o dia descansando em grutas e zonas de sombra. Porém, à noite a situação é diferente. Por terem hábitos noturnos, eles esperam o sol se pôr para tornarem-se verdadeiros predadores, caçando em bando entre as fendas.

Risco de extinção

Segundo Rafael Franco, biólogo marinho e responsável técnico do Aquário Marinho do Rio, há vários fatores que contribuem para o alto risco de extinção na natureza em um futuro bem próximo.

“Por viverem em recifes e esse ambiente ser extremamente sensível a mudanças, qualquer micro desequilíbrio ambiental, como o aumento da temperatura afeta a vida da espécie. Está vulnerável não só por fatores ambientais, mas também por atividade de pesca. É sabido que uma das atividades mais perigosas é a pesca de tubarões para sopa de barbatana, principalmente na Ásia”, afirmou.

“E vale destacar um terceiro fator. Essa espécie também é alvo da aquariofilia, a prática de criar tubarões em casa. É considerado um pet e é exportado aos milhares para a Europa, Estados Unidos e Ásia”, acrescentou.

Preservação

O risco de extinção reforça a atenção do cuidado aos tubarões que estão no país. Durante o período em que estão em observação, os pequenos estão sob cuidados veterinários, que analisam a evolução diária de cada animal, até que estejam aptos a viver com os demais animais oceânicos do parque.

Ainda não há uma previsão de quando o público poderá ver os novos filhotes, já que, até o momento, não há qualquer tipo de literatura científica com a informação sobre peso e tamanho suficientes para estarem em um tanque com outras espécies de peixes.

Por isso Rafael destacou a importância científica de reproduzir tubarões galhas-brancas-de-recife em território nacional. “Estamos gerando dados que são importantes para compreendermos mais sobre esta espécie e, assim, podermos atuar em sua conservação”, argumentou.

“Uma coisa inédita é que conseguimos acompanhar os filhotes ainda na gestação da fêmea. Isso foi um grande avanço. Observamos a evolução de tamanho, de alimentação, qual a preferência alimentar, como eles se adaptam ao convívio em diferentes ambientes, além do desenvolvimento biológico. Esses dados todos são algo que nunca vimos antes sobre a espécie”, explicou o biólogo.

Apesar de encarados como animais assassinos, tubarões são essenciais à natureza, pois são o topo de cadeia alimentar e influenciam todo o equilíbrio do ecossistema marinho. 

“Falando de tubarões, a pelo menos duas gerações eles são vistos como bichos assassinos. Nosso trabalho de hoje é mostrar a importância para a cadeia alimentar, que será desfeita com sua extinção, pois eles controlam as populações abaixo. Quando falamos de educação ambiental, de preservação, estamos falando não apenas dos oceanos ou dos tubarões, mas do oceano inteiro”, finalizou o responsável técnico do Aquário Marinho do Rio.


*Estagiário sob supervisão de Pedro Grigori. 

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