MINAS GERAIS

Atingidos pela lama da Samarco protestam e fecham rodovia em Mariana

Após quase sete anos do rompimento da barragem, manifestantes protestam sobre o reassentamento que ainda está em obras

Vinícius Prates* - Estado de Minas
postado em 10/08/2022 12:44 / atualizado em 10/08/2022 12:46
 (crédito:  Reprodução/MAB)
(crédito: Reprodução/MAB)

Manifestantes atingidos pela barragem de Fundão, no Complexo Industrial de Germano, em Mariana, na Região Central de Minas, fecharam a MG-129, na manhã desta quarta-feira (10/8), em protesto contra a Samarco Mineração, empresa controlada pela Vale e BHP Billinton. A rodovia dá acesso às mineradoras Samarco e Vale.

O movimento, organizado junto ao Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), reúne cidadãos com faixas que protestam sobre o reassentamento, ainda em construção, quase sete anos após o rompimento da barragem.

"A Vale mata rio, mata peixe, mata gente. Não foi acidente", gritam os manifestantes em protesto, enquanto carregam faixas com as frases: "A casa dos atingidos está desabando. Queremos indenização"; "Queremos a bacia Rio Doce sem fome".

"Milhares de trabalhadores perderam fonte de renda e ainda não foram indenizados ou tiveram retorno das condições para a prática do trabalho. Os atingidos aguardam por medidas de reparação em relação à saúde, ao acesso à água, além de outros problemas que surgiram depois de 2015", publicou o MAB nas redes sociais.

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Em contato com a Fundação Renova, a instituição informou que, às manifestações que vêm ocorrendo desde o final de junho, têm impedido a continuidade regular da construção dos reassentamentos devido aos bloqueios na estrada, uma vez que os colaboradores e os materiais ficam sem acesso aos canteiros de obras. Segundo a fundação, a paralisação também afeta os atendimentos programados às demais famílias nos canteiros e compromete o cronograma de entrega do reassentamento.

Confira a nota da Fundação Renova:

A Fundação Renova considera legítima qualquer manifestação pacífica popular, coletiva ou individual e reafirma que estabelece o respeito e o diálogo como práticas norteadoras de suas ações. No entanto, considera que nenhum direito individual se sobrepõe ao direito coletivo de centenas de famílias de atingidos e que não é possível haver qualquer tipo de negociação mediante ações que violem o direito de ir e vir de terceiros, trazendo riscos para as pessoas.

A reparação conduzida pela Fundação Renova se encontra em um momento de avanços consistentes nos programas que tiveram definição clara pelo sistema de governança participativo.

A Fundação Renova reforça que segue comprometida com os trabalhos de reparação e compensação. Já foi concluída a implantação da restauração florestal em áreas onde houve depósito de rejeitos. Uma área equivalente a 28 mil campos de futebol será reflorestada em terrenos não impactados por meio de editais de reflorestamento no valor de mais de R$ 800 milhões em Minas Gerais e no Espírito Santo.

A água do rio Doce se encontra em condições similares às anteriores ao rompimento e pode ser consumida após tratamento.

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