Operação Sol Poente

Justiça mantém presos envolvidos em golpe milionário contra Geneviève Boghici

A audiência de custódia dos suspeitos ocorreu nesta sexta, e a juíza acatou pedido do MP e manteve os envolvidos presos

Tainá Andrade
postado em 12/08/2022 21:19
 (crédito: Reprodução/Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade)
(crédito: Reprodução/Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade)

Todos os envolvidos no golpe milionário que levou R$ 725 milhões da viúva Geneviève Boghici, 82 anos, tiveram as prisões mantidas em audiência de custódia, realizada nesta sexta-feira (12/8), no Rio de Janeiro. A quadrilha que envolve cinco pessoas de uma família de ciganos - dois membros seguem foragidos - e a filha única da vítima, Sabine Boghici, 48 anos, tiveram os pedidos das defesas negados. 

O Ministério Público solicitou que a a prisão temporária de Sabine Boghici e Rosa Stanesco Nicolau fosse mantida, o que foi acatado pela juíza Rachel Assad Cunha. O advogado das duas, João Lima Arantes, informou que vai reunir toda a documentação para entrar com pedido de revogação da prisão. 

Para Sabine, o advogado prometeu fazer uso do instrumento de juízo natural, que significa solicitar a existência de um juízo adequado a determinado julgamento - no caso, por ser um crime realizado entre mãe e filha.

O filho de Rosa, Gabriel Nicolau, teve a mesma defesa da mãe e da suposta madrasta — Sabine supostamente mantinha um romance com Rosa. Ele permanece preso por decisão do juiz Pedro Ivo Martins Caruso D'Ippolito.

À defesa, o advogado Horácio Cariello, de Jacqueline Stanescos Gouveia, tentou evitar a continuidade da prisão ao alegar que não foram encontradas evidências de contato da vidente com as primas, Rosa e Diana (foragida), nem com os objetos furtados. Mesmo assim, a juíza Mariana Tavares Shu não aceitou os argumentos e Jacqueline permanece presa.

As duas videntes foram encaminhadas para o serviço de saúde, pois tomam remédios controlados. 

Quem é quem 

 

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pri-1208-crime (foto: pri-1208-crime)

O golpe milionário desvendado pela Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (Deapti) revelou, ainda, uma suposta briga de família por quebra de tradições. A quadrilha que se juntou a Sabine para praticar o golpe é descendente de ciganos, com forte influência da linha kalderash, que desembarcou no Brasil na segunda onda de migração de europeus no país, por volta dos anos 1900. De acordo com reportagem do Jornal da USP, os ciganos chegaram pelo porto de Santos, em um boom de entrada de 15.475 romenos no país.

A maior parte dos imigrantes romenos se instalou em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, onde Jacqueline Stanesco frequentava e prestava serviços místicos. "Pela crença dela, só poderia atender em Nova Iguaçu, no terreiro, ou na casa em Ipanema, que tem um quarto específico para esse fim", explicou o advogado de defesa, Horácio Cariello. Em seu perfil nas redes sociais, Jacqueline se apresenta como cigana e neta de Sinorô Stanescos. Para demonstrar que é ligada à tradição mística dos ciganos, diz que é capricorniana — signo relacionado com foco e persistência no trabalho.

Ainda de acordo com a defesa, Jacqueline tinha brigas constantes com as primas Rosa e Diana porque não concordava com a forma como elas praticavam a leitura de cartas e o jogo de búzios. "Elas não se falam há pelo menos 15, 20 anos. Ela não concorda com a maneira errada das primas trabalharem, acha desonesto", disse Cariello.

Diana foi presa em flagrante, quatro meses atrás, por ter ameaçado uma cliente após prometer uma consulta grátis em seu consultório, em Copacabana. A vítima foi uma dona de casa de 24 anos, atraída por Diana. Com o pretexto de operar uma "cirurgia espiritual" para desfazer um "ritual macabro", teria cobrado R$ 4,3 mil pelo serviço. O caso foi registrado na 13ª DP, em Ipanema. Ela foi libertada com o compromisso de cumprir pena alternativa. No caso do golpe milionário contra Geneviève, ela segue foragida.

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