Bahia

Cacique pede pelo fim dos ataques aos territórios indígenas

Indígenas Pataxós denunciam que estão cercados há mais de um mês por fazendeiros da região, no Território Indígena Barra Velha, armados

Cecília Sóter
postado em 07/09/2022 13:57 / atualizado em 07/09/2022 14:00
 (crédito:  Apib/Reprodução )
(crédito: Apib/Reprodução )

Pistoleiros avançaram sobre a Aldeia Nova, no Território Indígena Barra Velha, no início da noite desta terça-feira (6/9). Após noite tensa, indígenas retornam às casas.

Por volta das 19h35 da véspera da celebração do bicentenário da Independência do Brasil, pistoleiros cercaram a Aldeia Nova. Homens chegaram atirando contra os indígenas, que precisaram fugir do local.

Eles chegaram a invadir a casa do cacique Jovino, mas como não o encontraram tentaram colocar fogo no local. Famílias precisaram se refugiar no colégio da aldeia, onde passaram a noite.

No último domingo (4/9), um jovem de 14 anos foi morto em um ataque na terra indígena Comexatibá Cahy Pequi, que embora também seja no Território Indígena Barra Velha, fica a cerca de 15km da Aldeia Nova.

Ao Correio, cacique Jovino falou sobre os momentos de tensão pelos quais a comunidade passou nesta última noite.

Segundo ele, essa foi uma das noites mais truculentas que a Aldeia Nova enfrentou neste período em que o território está cercado por fazendeiros da região armados.

"Não só aqui, mas em todo o Território Barra Velha. São 21 comunidades. No domingo, teve um jovem assassinado e outro baleado. Outras aldeias estão em situação crítica, com pistoleiros. Então, a situação é essa que nós estamos passando com as nossas famílias, dentro do nosso território", disse o líder.

Jovino ressaltou o dia de hoje, em que se celebra os 200 anos da Independência do Brasil. "Hoje é um dia muito importante, porque é o dia da Independência. E já há mais de 500 anos que vemos derramamento de sangue, nossas filhas sendo estupradas. Esses 500 anos de sofrimento está se repetindo. Então a gente apela pelas autoridades, que olhem para nossa causa, pelos nossos filhos, nossos netos. Eles que estão no poder e a sociedade também, que se sensibilizem com a nossa causa. Estão querendo jogar a sociedade contra a gente, dizendo que nós somos bandidos, marginais, que não somos índios", pediu o cacique.

 

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