FIM DO MEDO

Nova Lima e Itabira se livram de três barragens tipo Mariana e Brumadinho

Com a descaracterização das barragens Dique Auxiliar da Barragem 5, Dique 3 do Sistema Pontal e Barragem Ipoema, a Vale cumpre sua meta de 40% de eliminação das estruturas

Mateus Parreiras - Estado de Minas
postado em 30/09/2022 14:42 / atualizado em 30/09/2022 14:43
 (crédito: Divulgação/Vale)
(crédito: Divulgação/Vale)

Nova Lima e Itabirito estão livres de mais três barragens antigas, construídas pelo método mais inseguro de alteamento, à montante (quando a estrutura cresce sobre os rejeitos na direção de onde esse fluxo vem).

O anúncio da descaracterização das barragens foi feito pela mineradora Vale, que neste ano cumpriu o cronograma de fechamento desse tipo de estruturas em suas minas.

Foram extintas e reintegradas à natureza, segundo a empresa, o Dique Auxiliar da Barragem 5, na Mina Águas Claras, em Nova Lima (Grande BH), o Dique 3 do Sistema Pontal, na Mina Cauê e a Barragem Ipoema, na Mina do Meio, ambos em Itabira (Região Central).

Ao todo, a mineradora chega a 12 barragens eliminadas desde 2019, o que representa 40% das 30 estruturas previstas no programa de descaracterização. O método à montante, além de inseguro, é o mesmo das barragens que se romperam em Mariana (2015) e Brumadinho (2019), matando 289 pessoas.

As atividades de engenharia e obras já estão em andamento em todas as estruturas da do Programa de Descaracterização de barragens construídas pelo método a montante.

Das 12 estruturas deste tipo já eliminadas, nove ficavam Minas Gerais (barragem 8B, Dique Rio do Peixe, barragem Fernandinho, Diques 3, 4 e 5 da barragem Pontal, Dique Auxiliar da barragem 5 e as barragens Ipoema e Baixo João Pereira) e três no Estado do Pará (Diques 2 e 3 Kalunga e barragem Pondes de Rejeitos).

Barragem Ipoema, na Mina do Meio, em Itabira (MG), teve sedimentos do reservatório completamente retirados
Barragem Ipoema, na Mina do Meio, em Itabira (MG), teve sedimentos do reservatório completamente retirados (foto: Divulgação/Vale)

Todas as barragens a montante da companhia são objeto de avaliação por equipe técnica independente, segundo a empresa, e integram Termo de Compromisso assinado com os Ministérios Públicos Estadual e Federal, Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e Estado de Minas Gerais.

Cumpre reforçar que a empresa seguirá agora com todo processo para avaliação e formalização da descaracterização pelos órgãos competentes.

Dique Auxiliar da B5

Para executar as obras no Dique Auxiliar da B5, foi construído, preventivamente na barragem, um reforço para dar maior segurança à estrutura durante o processo de descaracterização.

Obras no Dique Auxiliar da B5, na Mina Águas Claras, em Nova Lima (MG), foram executadas por equipamentos operados remotamente
Obras no Dique Auxiliar da B5, na Mina Águas Claras, em Nova Lima (MG), foram executadas por equipamentos operados remotamente (foto: Divulgação/Vale)

Além disso, para aumentar ainda mais a segurança dos trabalhadores, a Vale executou as atividades de escavação e movimentação dos cerca de 80 mil m³ de rejeitos no reservatório com equipamentos não tripulados, operados remotamente.

Cerca de 190 trabalhadores, entre diretos e terceirizados, atuaram nas obras de descaracterização Dique Auxiliar da B5, sendo aproximadamente metade deles do próprio município de Nova Lima (MG) e região. A estrutura não recebia rejeitos desde o ano 2000 e estava em nível de emergência 1 do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM).

Metade das estruturas a montante em Itabira já foi eliminada. A barragem Ipoema, localizada na Mina do Meio, em Itabira (MG), deixou de operar em 2019 e, à época, continha cerca de 48 mil m³ de sedimentos, que foram completamente retirados do reservatório e dispostos em área próxima à estrutura, conforme autorização prévia dos órgãos competentes. Durante as obras foram gerados cerca de 122 empregos, a maioria para moradores da região.

O Dique 3, que já estava paralisado e não recebia mais aportes de rejeitos, também não tem mais a função de reter rejeitos. O material (cerca de 900 mil m³) foi movimentado dentro do próprio Sistema Pontal. Cerca de 180 trabalhadores, entre diretos e terceirizados, sendo aproximadamente a metade da mão de obra local de Itabira, atuaram nas referidas atividades.

Com a conclusão das obras de descaracterização na barragem Ipoema e no Dique 3 do Sistema Pontal, que ainda receberão obras complementares, como a revegetação da área e drenagem, a Vale eliminou metade das 10 estruturas construídas pelo método a montante da empresa em Itabira. As estruturas de disposição de rejeitos da empresa no município são monitoradas permanentemente pelo Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG) da empresa.

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  • Dique 3 do Sistema Pontal é umas das cinco estruturas descaracterizas em Itabira
    Dique 3 do Sistema Pontal é umas das cinco estruturas descaracterizas em Itabira Foto: Divulgação/Vale
  • Barragem Ipoema, na Mina do Meio, em Itabira (MG), teve sedimentos do reservatório completamente retirados
    Barragem Ipoema, na Mina do Meio, em Itabira (MG), teve sedimentos do reservatório completamente retirados Foto: Divulgação/Vale
  • Obras no Dique Auxiliar da B5, na Mina Águas Claras, em Nova Lima (MG), foram executadas por equipamentos operados remotamente
    Obras no Dique Auxiliar da B5, na Mina Águas Claras, em Nova Lima (MG), foram executadas por equipamentos operados remotamente Foto: Divulgação/Vale
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