A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) repudiou a fala do ex-prefeito de Teresina e candidato a governador do Piauí, Sílvio Mendes (União Brasil), que chamou o Quilombo Mimbó de “miserável” numa entrevista. De acordo com a Conaq, a comunidade Mimbó, que está localizada na zona rural do município de Amarante (PI), é um importante local para preservação da historicidade dos quilombolas.
A instituição ressaltou, em nota, o potencial cultural da região onde vivem mais de 600 pessoas, em sua maioria pretas e que carregam 200 anos de luta contra o sistema escravagista. “Não podemos achar normal uma fala carregada de tanto racismo e desprezo como foi a fala feita pelo candidato a governo do do Piauí, Sílvio Mendes. Isso é algo lamentável quando não se conhece e coloca as comunidades em situação de miseráveis. O quilombo Mimbó é uma comunidade com potencial enorme e, assim como a população negra piauiense, precisa de governantes comprometidos com as ações voltadas para a população e suas especificidades”, afirmou a entidade.
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Minorias
Sílvio Mendes disse na semana passada não ser necessário evidenciar no seu plano de governo as ações voltadas para a população negra e criticou as comunidades quilombolas. “Meu plano de governo não tem políticas específicas para minorias. Nunca tive preconceito na minha vida, acho tão igual. Vou dizer, a comunidade Mimbó de Amarante (PI), que é usada vez por outra politicamente pelo governo, é indecente, não tem nada. São miseráveis. Não é o fato de ser negro ou branco, não interessa. Aquilo precisa de ajuda e tem que acabar”, disse Mendes.
O candidato já havia dado uma declaração racista em sabatina anterior. Em 31 de agosto, ele falou a uma jornalista: “Você, que é quase negra na pele, mas é uma pessoa inteligente, teve a oportunidade que a maioria não teve e aproveitou”. As últimas pesquisas apontam o ex-prefeito da capital à frente na corrida ao governo do estado, com cerca de 45%, seguido por Rafael Fonteles (PT) com 39%.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro