VIOLÊNCIA

Bullying contra atirador seria o motivo de tiroteio em escola no Ceará

O jovem estuda no 1º ano do Ensino Médio e, segundo relatos feitos à polícia, sofria bullying dos colegas de sala atingidos pelos disparos

Tainá Andrade
Raphael Pati*
postado em 06/10/2022 03:55
 (crédito: Reprodução Rede Sociais)
(crédito: Reprodução Rede Sociais)

Um estudante adolescente de 15 anos feriu outros três, ontem, ao efetuar vários disparos na Escola Estadual Professora Carmosina Ferreira Gomes, no Bairro Sumaré, em Sobral (CE). O jovem, cuja identidade não foi divulgada, usou um artefato de fogo pertencente a uma pessoa com registro de CAC (Colecionador, Atirador ou Caçador) — cuja identidade também está sendo preservada, porém as autoridades suspeitam que o dono seja algum parente do atirador.

O jovem estuda no 1º ano do Ensino Médio e, segundo relatos feitos à polícia, sofria bullying dos colegas de sala atingidos pelos disparos. Ele levou a arma escondida no uniforme escolar e aparentava normalidade, já que estava com a mochila e os livros. A segurança da escola não percebeu o revólver. Os disparos foram efetuados por volta das 10h.

De acordo com a Santa Casa de Sobral, os dois baleados foram atingidos na cabeça — um está intubado em estado grave e o outro está em estado estável. A terceira vítima recebeu um tiro na perna, mas continuou internado para observação.

A governadora Izolda Cela (sem partido) lamentou o episódio e disse que cobrará "respostas rápidas" das forças de segurança que atuam no caso. "Determinei resposta rápida das nossas forças de segurança, inclusive sobre a origem da arma utilizada no crime", afirmou. Pelas redes sociais, ela disse ainda que "a Secretaria da Educação do Estado está também dando suporte necessário à comunidade escolar e às famílias".

Terceiro caso

O caso de ontem é o terceiro envolvendo armas de fogo, em escolas no Nordeste, em menos de duas semanas. As ocorrências anteriores aconteceram na Bahia. A primeira foi em Barreiras (BA), em 26 de setembro, no Colégio Municipal Eurides Sant'Anna: um estudante matou a tiros Geane da Silva Brito, uma colega de escola cadeirante, de 19 anos. O homicídio foi considerado pelas autoridades um crime de ódio, pois o adolescente tinha se mudado com a família de Brasília para a cidade do interior baiano e não tinha se acostumado à ideia — tanto que nas redes sociais que mantinha tinha feito várias postagens preconceituosas contra os colegas e a cidade. A arma do crime pertencia ao padastro, policial militar reformado.

No dia seguinte, na cidade de Morro de Chapéu, na Chapada Diamantina (BA), um adolescente de 13 anos ateou fogo na Escola Municipal Yeda Barradas Carneiro, onde estudava, e feriu a coordenadora com o uso de uma faca. Ele foi apreendido pela Polícia Militar.

Desde os anos 2000, o Brasil teve nove episódios de homicídio dentro de escolas. Um dos mais graves foi no ano passado, em Saudades (SC), quando cinco pessoas foram mortas em 4 de maio — um rapaz de 18 anos invadiu um creche do município com um facão de 68 centímetros, assassinou duas funcionárias da unidade e três bebês menores de 2 anos.

Outro crime que chocou o país foi a tragédia em Realengo (RJ), quando um ex-aluno de 23 anos da Escola Municipal Tasso da Silveira levou dois revólveres e matou 12 alunos, todos de 13 a 15 anos. Outro assassinato que causou forte comoção foi de Suzano (SP), na Escola Estadual Raul Brasil — cujo saldo foram 10 mortos, incluindo os dois atiradores, e 11 feridos. (Com Agência Estado)

*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi

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