Desigualdade Social

Estudo mostra excesso de partículas tóxicas em casas com fogão a lenha

A quantidade dessas partículas, segundo a análise, é maior que o limite estabelecido pela OMS. O excesso de contato com esse tipo de substância pode causar doenças pulmonares e cardiovasculares

Tainá Andrade
postado em 11/10/2022 20:34 / atualizado em 11/10/2022 20:35
O excesso de contato com esse tipo de substância pode causar doenças pulmonares e cardiovasculares -  (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
O excesso de contato com esse tipo de substância pode causar doenças pulmonares e cardiovasculares - (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)

Um estudo feito por pesquisadores da PUC-Rio, na comunidade quilombola em Cachoeira (BA), identificou, em oito casas analisadas, a presença de partículas tóxicas em decorrência do fogão a lenha utilizado. A toxicidade está acima do limite estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Foi observado que a média de microgramas encontrada nos lares é de 100 a 300 mg/m3 de partículas tóxicas na fumaça, enquanto o considerado aceitável para ser inalado é de 15 mg/m3. O excesso de contato com esse tipo de substância pode causar doenças pulmonares e cardiovasculares.

O retorno do uso da lenha nos lares brasileiros é uma consequência do agravamento da desigualdade no Brasil. No ano passado, o Balanço Energético Anual realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostrou que 24 milhões de toneladas de lenha foram queimadas para gerar energia — maior número visto desde 2009.

De 2020 para 2019, o EPE mostrou que usou 1,8% a mais de madeiras para fazer fogo em residências. O gás estava sendo mais consumido do que a lenha até 2017, quando o preço do botijão começou a disparar. Naquele ano, a Petrobras alterou sua política de preços e começou a reajustar o GLP toda vez que a cotação do petróleo e o câmbio subiam, assim como já fazia com a gasolina e o óleo diesel.

Pesquisa sobre partículas tóxicas em decorrência do fogão a lenha

A pesquisa faz parte do programa Fogão do Mar, do Instituto Perene, que atende comunidades no Recôncavo Baiano entregando fogões ecoeficientes para as famílias, os quais diminuem a quantidade de lenha utilizada e o tempo para o aquecimento.

O grupo, formado pela coordenadora do Laboratório de Química Atmosférica (LQA) da PUC-Rio, Adriana Gioda, e pelos alunos Luiz Felipe da Silva e Alex de La Cruz, ganhou um prêmio no Congresso da Sociedade Brasileira de Química do Rio. O trabalho foi considerado o melhor trabalho da área ambiental, pelo ineditismo a respeito dos poluentes.

Após a primeira descoberta, a pesquisa seguirá investigando sobre os impactos na saúde pela emissão das partículas tóxicas.

Cobertura do Correio Braziliense

Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação