violência sexual

Estudantes criam reagente capaz de identificar droga do estupro em bebidas

A substância está sendo testada em forma de adesivo, que seria colocado no copo utilizado pelos casais

Jáder Rezende
postado em 05/11/2022 03:55
 (crédito: Reprodu??o/Internet)
(crédito: Reprodu??o/Internet)

Quatro alunas da Escola de Ensino Médio Albino Marques Gomes, em Gravataí (RS), desenvolveram um reagente químico capaz de identificar, em segundos, a presença, em bebidas, do ácido gama-hidroxibutírico (GHB) — que serve para aplicar o golpe "boa noite Cinderela". A substância está sendo testada em forma de adesivo, que seria colocado no copo utilizado pelos casais — e assim se evitaria que um parceiro dopasse, roubasse ou matasse o outro.

As pesquisas estão sendo desenvolvidas pelas estudantes do segundo ano do ensino médio Giovanna Moraes, Giovanna Freitas, Nicolle Marques — todas de 17 anos — e Natally Souza, de 16, movidas pelo crescente número de casos de violência contra mulheres e homossexuais veiculados na imprensa. A meta, segundo elas, é tornar a invenção acessível à população.

Segundo Giovanna Moraes, o custo final do reagente deve oscilar entre R$ 15 e R$ 20. Ela conta que tudo começou com um desafio proposto aos alunos do ensino médio, de criar um conceito inovador na área de matemática.

"Já tínhamos a ideia de produzir um produto para identificar o 'boa noite Cinderela' nas bebidas. Partimos, então, para os custos que envolveriam a formação de uma empresa, produção e marketing, e chegamos ao total de R$ 100 mil", explicou.

O trabalho das alunas chamou a atenção do professor de química Rafael Abruzzi, que se ofereceu para ser o orientador da pesquisa. "Para nós, também foi um grande desafio. Por mais que estejamos acostumados a trabalhar com projetos de pesquisa, nunca havíamos abordado o tema das drogas", conta, adiantando que o próximo passo é iniciar os testes na prática.

Segundo Abruzzi, laboratórios já manifestaram interesse em participar do projeto, testando reagentes químicos que não sejam tóxicos. "Precisamos desse apoio. Inclusive, já temos visitas agendadas", afirma, adiantando que os testes em indústrias químicas devem ser iniciados em janeiro do próximo ano.

Eficácia

A ideia, ainda de acordo com o professor, é avaliar a eficácia do produto não apenas em copos, mas também em adesivos que possam ser colados no interior ou na base desses recipientes, como forma de não despertar a atenção dos bandidos.

Giovanna Moraes pontua que o reagente pesquisado por ela e suas colegas identifica somente o GHB, também conhecido como êxtase líquido e que, por ser barato, é mais utilizado contra as vítimas, que chegam a ficar desacordadas por até duas horas. Depois desse período, dificilmente é detectado no organismo.

"É uma droga de fácil acesso e que causa euforia e também sonolência, além de náusea, vômito e desmaio. Mas há outras que também podem ser compradas facilmente em farmácia e sem receita médica, e que surtem o mesmo efeito, como colírios e antialérgicos", diz Giovanna. O GHB é indicado para tratamento das dificuldades de atenção e concentração, deficit de memória e problemas de aprendizagem.

Graziela Bianca Vicentim, diretora da escola em que estudam as quatro alunas, disse que a repercussão da pesquisa deve incentivar os demais estudantes a desenvolverem projetos de pesquisa inovadores. "O mais importante nesse processo é mostrar o quanto a escola incentiva e potencializa a pesquisa e que a ciência é importante na vida de todos", afirma.

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