VIOLÊNCIA

Aluno acusado de agredir colega autista é afastado de escola em BH

A vítima teria sido agredida com um 'mata leão' e teve água jogada em seu rosto; mãe do menino agredido preferiu não se manifestar hoje

Mariana Costa
Guilherme PeixotoThiago Bonna - Estado de Minas
postado em 06/11/2022 16:09
 (crédito: Colégio São Tomás de Aquino/Divulgação)
(crédito: Colégio São Tomás de Aquino/Divulgação)

O aluno acusado de agredir um colega autista dentro da Escola Santo Tomás de Aquino, no bairro São Bento, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, foi afastado das aulas na instituição de ensino. Em nota, a escola informa ainda que o diretor foi afastado da condução do caso, que é acompanhada pela direção geral do colégio.

O caso ganhou repercussão na sexta-feira (4/11), quando a mãe da vítima publicou vídeos denunciando as agressões.

Em contato com a reportagem do Estado de Minas, neste domingo (6/11), porém, Diva Pimenta Magalhães preferiu não se manifestar sobre a punição imposta ao agressor e o afastamento do diretor. Ela contou que o filho tem apresentado crises constantes de choro e que a família prefere se resguardar nesse momento.

Agressões e boletim de ocorrência

Na sexta-feira, a mãe registrou um boletim de ocorrência denunciando as agressões sofridas pelo filho e o descaso da escola em relação ao caso. Segundo ela, o menino que é autista já vinha passando por casos de bullying e agressões por alguns alunos ao longo deste ano.

No mesmo dia houve uma reunião entre a direção do colégio e a mãe, que afirmou ter saído do encontro esperançosa de uma solução para o conflito.

A vítima, que tem menos de 14 anos, foi, durante a troca das aulas, derrubada e agredida com um golpe de 'mata leão', de acordo com o registro na delegacia. A agressão terminou após pedidos da professora que deu a aula seguinte. Durante o intervalo, o mesmo jovem aproveitou que o menino estava deitado em sua carteira e jogou água na cabeça dele. Foi quando um auxiliar da escola percebeu que o filho de Diva estava em crise no chão da sala e o encaminhou para a enfermaria, ainda segundo o boletim.

Ao longo do ano o estudante já havia reclamado de uma série de agressões por parte dos colegas, entre elas chutes na canela, tapas, cuspidas e outras humilhações.

"Enquanto a escola não expulsar esse aluno, ele não retorna. Ele não tem condições emocionais de retornar. Ele teve várias crises de pânico durante o dia hoje", comentou a mãe, na sexta-feira.

Terapeuta responsável pelo acompanhamento do filho afirmou que ele está com estresse pós-traumático e ansiedade generalizada, afirmou Diva.

O deputado estadual professor Wendel Mesquita publicou em suas redes sociais que a escola será chamada a prestar esclarecimentos à Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que apura o ocorrido. “Nos próximos dias, os envolvidos serão ouvidos para prestar esclarecimentos. Mais informações serão repassadas em momento oportuno para não atrapalhar os trabalhos investigativos.”

Veja a nota da Escola Santo Tomás de Aquino na íntegra:

A Escola Santo Tomás de Aquino esclarece que o diretor da instituição foi afastado da condução do caso, que passou a ser acompanhado pela direção geral do colégio.

A escola reforça sua consternação e solidariedade com o aluno e seus familiares. O aluno autor da ação foi afastado das aulas, segundo um plano alinhado com sua família e após o cumprimento dos trâmites processuais que passam pela apuração dos fatos e o acionamento do Conselho Tutelar.

É importante destacar que a instituição tem como política o acompanhamento de cada um dos alunos neurodiversos, por meio de um Plano de Desenvolvimento Individual. O aluno neurodiverso envolvido no conflito retornará à sua rotina escolar com o acompanhamento de um profissional qualificado e contará com o acolhimento de toda a equipe, de acordo com um plano detalhado em parceria com a família.

Por fim, a Santo Tomás de Aquino reforça que repudia qualquer tipo de agressão ou violência e, ao longo dos seus 68 anos, sempre teve a reputação de acolher e incluir alunos diversos, com a convicção de que a escola deve ser um ambiente para todos. A escola assume, com amor e profissionalismo, os desafios inerentes à inclusão, sem fazer distinção ou escolhas na admissão dos seus alunos e reafirma seu compromisso de continuar lutando diariamente para realizar esta missão.

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