sociedade

Registro de mortes no DF sobe 13% em 10 meses

No DF, o maior aumento nos últimos 10 meses foi da SRAG, com 61,90%, seguida da pneumonia, com alta de 37%

Tainá Andrade
postado em 19/11/2022 03:55
 (crédito: Jaqueline Fonseca/Esp. CB/D.A Press)
(crédito: Jaqueline Fonseca/Esp. CB/D.A Press)

Os óbitos no Distrito Federal estão quase 13% maiores que os registrados em 2019, período anterior à pandemia de covid-19. Foram contabilizados, entre janeiro e outubro, 14.214 registros — no mesmo período do ano anterior, o total foi de 12.604. Os dados são de um levantamento elaborado pelos cartórios de registro civil do DF, com base em um cruzamento com o Portal de Transparência do Registro Civil, administrado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Um dos motivos para a não regularização da situação dos óbitos tem relação direta com os impactos da covid-19. A doença deixou sequelas na população, principalmente em quem contraiu a infecção na forma mais grave e ficou com danos colaterais, que na grande maioria são doenças fatais.

Um estudo publicado este ano pela revista Nature, mostra que o coronavírus é responsável pelo aumento da mortalidade nos seis meses seguintes à infecção. Em um artigo, o médico infectologista Drauzio Varella destacou que para quem desenvolveu a forma grave da covid-19, o alerta de mortalidade chega a até um ano depois da infecção.

Enquanto as mortes pelo novo coronavírus diminuíram em 68,8% do início do ano até outubro, algumas doenças — como pneumonia, AVC, infarto, septicemia e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) — tiveram crescimento. No DF, o maior aumento nos últimos 10 meses foi da SRAG, com 61,90%, seguida da pneumonia, com alta de 37%.

Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que um dos principais órgãos afetados pela covid-19 são os pulmões. As doenças cardiovasculares ficaram em terceiro lugar (24,08%), com o AVC sendo o principal responsável por quase 20% dos casos, e a septicemia, com 17,59% — que se dá, na maior parte dos casos clínicos, por causa da baixa imunidade dos pacientes que tiveram covid-19.

Tendência

A tendência no aumento de registros de mortes é observada também em todo o país. De acordo com a pesquisa da Arpen-Brasil, está 14% maior que nos primeiros 10 meses de 2019. Entre janeiro e outubro deste ano, foram registrados 1.241.779 de óbitos nos cartórios, a maior parte de casos de pneumonia — na comparação entre os períodos janeiro-outubro, passou de 126.861, em 2021, para 169.445 mortes pela doença neste ano.

"Os números dos cartórios de registro civil mostram, mais uma vez, em tempo quase que real, o retrato fidedigno do que acontece com a população brasileira. Embora haja uma diminuição nos óbitos por covid-19, notamos crescimento de óbitos de pneumonias, doenças do coração e septicemias, que podem vir a ser consequências de sequelas do novo coronavírus. A partir desses dados, é possível pensar em políticas de saúde pública e prevenção a esses males", salientou Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen-Brasil.

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