A greve dos aeronautas terminou oficialmente ontem com a aprovação de 70,11% dos votos pela terceira proposta enviada à categoria. Ao todo, participaram da votação 5.834 associados. O reajuste de 5,97% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e mais 1% do ganho real, totalizando 6,97% de aumento, valerá a partir do ano que vem.
Junto com os valores salariais, a categoria conseguiu duas conquistas na área social: a possibilidade de início de férias em dias do final de semana, sábado, domingo e feriados. A outra cláusula estabelece multa indenizatória a ser paga pela empresa pela invasão do horário de início de folga. Os aeronautas concordaram com o valor de R$ 500 por mudança de escala que invada o dia de descanso do tripulante.
Com impasse que se estendeu durante cinco dias, os diretores do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), responsável pela negociação, consideraram as mudanças um avanço. "Pode não parecer o melhor dos mundos, ela não é o melhor dos mundos, mas é uma evolução, traz um ganho. Consigo enxergar um pouco melhor o ganho dessa convenção coletiva, mais que outras. Teve um ganho por todas as pessoas que fizeram a greve acontecer", disse a diretora Lília Cavalcanti, em live de anúncio do resultado da votação, que começou neste sábado (24/12).
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No balanço feito pelos diretores, outro ponto levantado foi a força que o movimento ganhou pela adesão durante o período que a greve perdurou. "Isso fez toda a diferença", considerou o diretor Henrique Hacklaender. "Conseguimos fazer uma renovação, trazer melhorias na parte financeira e social que não víamos há muito tempo. Tivemos vários itens que não conseguimos endereçar este ano e vamos continuar trabalhando para que sejam atendidos. Temos que reduzir a quantidade de reclamações e denúncias que o sindicato tem através de melhorias", complementou.
Movimento
Após a suspensão da greve, o domingo teve movimentação nos aeroportos em estado de normalidade. Segundo a direção do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), não houve nenhuma informação sobre atraso, paralisação ou manifestação após o anúncio da suspensão temporária da greve — que seguiu durante a última semana. A suspensão ocorreu enquanto a categoria votava, ainda ontem, pela manutenção ou não da greve. O veredito foi dado no início da tarde.
"O setor de aviação constitui algo como um sistema de engrenagens bastante complexo. Se uma peça para ou funciona de maneira reduzida, as demais sentem os impactos. Ninguém gosta de ver aviões parados e caos, pilotos e comissários amam o que fazem, porém a situação chegou ao seu limite pela sensação de desrespeito por práticas das empresas, em aspectos econômicos e sociais. O balanço dos cinco dias de greve mostrou que a categoria consegue manter um movimento consistente", ponderou Carlos Eduardo Monteiro, diretor da SNA.
Ao longo das paralisações, a greve impactou de forma mais intensa os aeroportos de Confins (Grande BH), Congonhas (São Paulo-SP), Guarulhos (SP); Galeão e Santos Dumont (ambos no Rio de Janeiro-RJ); Viracopos, em Campinas (SP); e nos aeroportos de Porto Alegre (RS), Brasília (DF) e Fortaleza (CE).
A empresa Inframérica, responsável pelo Aeroporto Internacional de Brasília Presidente Juscelino Kubitschek, confirmou que não há nenhum movimento de greve nos terminais e as operações acontecem normalmente.
A previsão para os 19 aeroportos da Rede Infraero é de que os voos comerciais regulares recebam por volta de 2,5 milhões de passageiros entre 16 de dezembro de 2022 e 2 de janeiro de 2023. Isso significa um movimento 45% maior que no ano passado.
As reivindicações atendidas
As empresas propuseram 6,97% de reajuste pelo INPC nos salários fixos e variáveis. O percentual inclui 1% de ganho real e vai incidir também nas diárias nacionais, além de vale-alimentação, piso salarial, seguro e multa por descumprimento da convenção.
Quanto às escalas de trabalho, a proposta define o horário de início das folgas e indenização por descumprimento. A categoria também ganha a possibilidade do início de férias em sábados, domingos e feriados.
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