Paraná

Morte no PR alerta para risco do uso de anestésicos em estúdios de tatuagem

Caso de homem que morreu após sessão segue em investigação. Laudo aponta intoxicação por anestésico

André Vinícius Pereira*
postado em 17/02/2023 19:05
 (crédito: STR / AFP)
(crédito: STR / AFP)

A Polícia Civil do Paraná (PC/PR) segue na investigação da morte do representante comercial David Luiz Porto Santos, de 33 anos, que faleceu após o uso de um anestésico durante uma sessão de tatuagem. O tatuador José Manoel Vieira de Almeida é suspeito e foi ouvido na última quinta-feira (16/2).

No primeiro depoimento a polícia, o tatuador alegou que a vítima teria solicitado o anestésico para diminuir a dor. A esposa de José, Monike Caroline de Freitas, também prestou depoimento e contestou a fala do suspeito, alegando que o produto havia sido passado sem autorização. O caso ocorreu em 27 de agosto de 2021.

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou nos exames que a causa da morte foi "indeterminada", com sugestão para "intoxicação exógena por lidocaína”.

Os advogados de defesa do tatuador José Vieira informaram, por nota, que o anestésico usado na sessão é "um spray manipulado de lidocaína, de uso comum entre os tatuadores, aplicado quando os clientes reclamam de dor". Eles ainda ressaltam que o tatuador tem mais de 7 anos no mercado.

No momento da tatuagem, David assinou um termo de declaração, que informava não ter problemas de saúde e nenhuma alergia pré-existente.

A resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) permite apenas que a aplicação de anestesias seja feita por algumas categorias de profissionais, recomenda-se também a consulta pré-anestésica do paciente em consultório médico. A anestesiologista Priscila Alvarenga Carvalho, explica que o uso de lidocaína em spray ou cremes para diminuir a dor durante a sessão de tatuagem não é indicada.

"Somente o profissional médico pode fazer uso dessas medicações, todos os anestésicos possuem uma dose máxima segura para cada paciente, conforme o peso, caso a dose seja acima, o paciente pode ser intoxicado e levar a convulsões e parada cardiorrespiratória", explica Priscila.

Em casos no qual a pessoa apresente reações alérgicas, o anestesiologista João Rastaldo recomenda que "ao presenciar qualquer complicação deve-se chamar o serviço de resgate e encaminhar o paciente ao serviço de pronto atendimento".

Cuidados ao fazer tatuagem

David Santos fazia a primeira tatuagem quando tudo ocorreu. Ainda hoje, há uma grande preocupação quanto a dor e alergias aos componentes que fazem parte da sessão, como cremes ou tintas.

A tatuagem é uma perfuração feita por meio de uma agulha que espalha a cor durante o processo. Com isso, o pigmento fica estável na derme e forma partículas grandes, que não são degradadas ou absorvidas pelo organismo.

Ao fazer o procedimento, existem diversos cuidados a serem tomados, por se tratar de uma ferida aberta que necessita de cicatrização. A maioria dos tatuadores defende que o processo seja sentido e não utilizam cremes ou pomadas enquanto a tatuagem é feita.

O tatuador Gabriel Neves conta que é necessário os materiais utilizados estarem esterilizados durante a sessão. “A montagem da bancada precisa de materiais descartáveis ou esterilizados. Alguns tatuadores utilizam envelopamento com plástico filme em todas as regiões de contato, maca ou apoio de braço. Como também o isolamento de todos os materiais com protetores ou plástico filme”.

A pele precisa ser esterilizada com álcool e demais produtos para a aplicação do decalque ou freehand. Depois da sessão, ainda existe o processo de cuidado para uma boa cicatrização, pois a ferida está aberta, e precisa ser lavada. Na maioria das vezes o local é coberto por um papel filme durante as 24 horas seguidas ao procedimento, com troca do curativo.

Nesta fase, o local poderá doer um pouco e ficar inchado. A formação de crostas também é comum, que descamam nos dias seguintes. 

É comum aparecer um pequeno prurido ao redor da tatuagem, mesmo com o descascamento. Não se deve remover as "casquinhas", que, além de ferir a pele, podem remover pigmento e comprometer o processo de cicatrização.

É importante hidratar o local com cremes ou sprays de proteção solar, além de evitar a exposição ao sol.

*Estagiário sob supervisão Pedro Grigori

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