floresta amazônica

Governo avança no combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami

Funcionários do Ibama e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) sobrevoaram na sexta-feira a floresta amazônica em busca de bases de garimpo ilegal ainda em atividade

Agence France-Presse
postado em 25/02/2023 18:19
 (crédito: AFP)
(crédito: AFP)

As autoridades intensificaram esta semana o combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, onde muitos mineradores clandestinos de ouro, acusados de provocar uma crise humanitária, resistem a deixar a região.

Vestindo uniformes camuflados e equipados com armamento pesado, funcionários do Ibama e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) sobrevoaram na sexta-feira a floresta amazônica em busca de bases de garimpo ilegal ainda em atividade.

  • Officers of the Brazilian Institute of Environment and Renewable Natural Resources (IBAMA) take part in an operation against Amazon deforestation at an illegal mining camp, known as garimpo, at the Yanomami territory in Roraima State, Brazil, on February 24, 2023. - In early February Brazil deployed hundreds of police and soldiers to evict gold miners accused of causing a humanitarian crisis on the Yanomami Indigenous reservation, as thousands of the illegal miners fled. Justice Minister Flavio Dino said authorities estimate at least 15,000 people have illegally invaded the protected Amazon rainforest reservation, where Indigenous leaders accuse gold miners of raping and killing inhabitants, poisoning their water with mercury and triggering a food crisis by destroying the forest. (Photo by ALAN CHAVES / AFP) Caption AFP
  • An officer of the Brazilian Institute of Environment and Renewable Natural Resources (IBAMA) takes part in an operation against Amazon deforestation at an illegal mining camp, known as garimpo, at the Yanomami territory in Roraima State, Brazil, on February 24, 2023. - In early February Brazil deployed hundreds of police and soldiers to evict gold miners accused of causing a humanitarian crisis on the Yanomami Indigenous reservation, as thousands of the illegal miners fled. Justice Minister Flavio Dino said authorities estimate at least 15,000 people have illegally invaded the protected Amazon rainforest reservation, where Indigenous leaders accuse gold miners of raping and killing inhabitants, poisoning their water with mercury and triggering a food crisis by destroying the forest. (Photo by ALAN CHAVES / AFP) Caption AFP
  • An officer of the Brazilian Institute of Environment and Renewable Natural Resources (IBAMA) shows cassiterite found at an illegal mining camp, known as garimpo, during an operation against Amazon deforestation at the Yanomami territory in Roraima State, Brazil, on February 24, 2023. - In early February Brazil deployed hundreds of police and soldiers to evict gold miners accused of causing a humanitarian crisis on the Yanomami Indigenous reservation, as thousands of the illegal miners fled. Justice Minister Flavio Dino said authorities estimate at least 15,000 people have illegally invaded the protected Amazon rainforest reservation, where Indigenous leaders accuse gold miners of raping and killing inhabitants, poisoning their water with mercury and triggering a food crisis by destroying the forest. (Photo by ALAN CHAVES / AFP) Caption AFP
  • A house belonging to illegal miners is set on fire during an operation by the Brazilian Institute of Environment and Renewable Natural Resources (IBAMA) against Amazon deforestation at the Yanomami territory in Roraima State, Brazil, on February 24, 2023. - In early February Brazil deployed hundreds of police and soldiers to evict gold miners accused of causing a humanitarian crisis on the Yanomami Indigenous reservation, as thousands of the illegal miners fled. Justice Minister Flavio Dino said authorities estimate at least 15,000 people have illegally invaded the protected Amazon rainforest reservation, where Indigenous leaders accuse gold miners of raping and killing inhabitants, poisoning their water with mercury and triggering a food crisis by destroying the forest. (Photo by ALAN CHAVES / AFP) Caption AFP
  • A structure to remove gold and cassiterite is pictured at an illegal mining camp, known as garimpo, during an operation by the Brazilian Institute of Environment and Renewable Natural Resources (IBAMA) against Amazon deforestation at the Yanomami territory in Roraima State, Brazil, on February 24, 2023. - In early February Brazil deployed hundreds of police and soldiers to evict gold miners accused of causing a humanitarian crisis on the Yanomami Indigenous reservation, as thousands of the illegal miners fled. Justice Minister Flavio Dino said authorities estimate at least 15,000 people have illegally invaded the protected Amazon rainforest reservation, where Indigenous leaders accuse gold miners of raping and killing inhabitants, poisoning their water with mercury and triggering a food crisis by destroying the forest. (Photo by ALAN CHAVES / AFP) Caption AFP

Do alto, identificaram um destes acampamentos: uma mancha marrom de área desmatada no meio da floresta, com dormitórios, cozinha e banheiros improvisados, bem como motores de algumas máquinas ainda em funcionamento.

"(Primeiro) a gente estabeleceu as bases de controle para frear o suprimento logístico das atividades ilegais nos dois principais rios. Agora começa a próxima fase da operação, que é atacar essas frentes de garimpo, desestruturando e neutralizando" estes acampamentos, explicou à AFP Felipe Finger, coordenador do Grupo Especializado de Fiscalização (GEF) do Ibama.

Ao avistarem os helicópteros do governo, os garimpeiros fugiram mata adentro, deixando para trás sacas cheias de cassiterita, dióxido de estanho apelidado de "ouro negro", que também é extraído ilegalmente da terra indígena com fins comerciais.

Enquanto incineravam as máquinas do acampamento, agentes interrogaram um garimpeiro de 36 anos que não conseguiu escapar.

"O garimpo não vai acabar nunca. Não tem Lula, não tem Bolsonaro. Não tem ninguém que acabe (com) o garimpo no mundo", afirmou o detido, de nome fictício Eduardo dos Santos.

"O garimpo é um vício: você vai uma vez e não quer sair nunca mais. Eu ganho R$ 5 mil reais por semana. Onde que na cidade você ganha isso?", questionou.

Segundo lideranças ianomâmi, cerca de 20.000 garimpeiros clandestinos invadiram seu território, matando indígenas, abusando sexualmente das mulheres e adolescentes, e contaminando seus rios com o mercúrio usado para separar o ouro dos sedimentos.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou, no fim de janeiro, situação de emergência sanitária e autorizou uma operação conjunta das Forças Armadas e outras instituições para expulsar os invasores da maior terra indígena do país, na fronteira com a Venezuela.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse à imprensa esta semana que cerca de 1.000 garimpeiros se recusam a sair.

Confronto a tiros 

A Polícia Federal abriu em janeiro uma investigação por possível genocídio contra os ianomâmi, após a publicação de um relatório oficial que reportou a morte, no ano passado, de uma centena de crianças menores de cinco anos, algumas por desnutrição.

"Tivemos muita diarreia e vômito aqui. Não temos saúde aqui, nem ajuda, nada. As pessoas têm fome e não temos nenhuma alimentação", disse um indígena ianomâmi entrevistado pela AFP na sexta-feira, durante uma incursão do Ibama em uma das aldeias.

A Força Aérea instalou há um mês um hospital de campanha em Boa Vista, capital de Roraima, onde realizou mais de 1.500 atendimentos médicos.

Desde o início da operação, os militares contabilizam cerca de 130 evacuações por helicóptero para salvar pacientes isolados e a entrega de quase 9.000 cestas básicas.

Na madrugada de quinta-feira, garimpeiros ilegais a bordo de sete lanchas atacam com armas de fogo um posto de controle do Ibama no rio Uraricoera.

Segundo as autoridades, um dos criminosos ficou ferido na troca de tiros e o restante conseguiu fugir com uma carga de cassiterita.

O ataque "é uma reação à efetividade das operações e à retomada do território pelo Estado, após quatro anos de conivência e abandono", escreveu no Twitter a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

O garimpo ilegal aumentou abruptamente durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), um defensor da abertura das terras indígenas para esta atividade.

Durante seu mandato, a média anual do desmatamento aumentou 59,5% em relação aos quatro ano anteriores, e avançou 75,5% em relação à década anterior.

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