SEXISMO

Vaga de emprego para mulheres em feira agrícola exige "perfil de academia"

A vaga também limitou o manequim e a altura das candidatas: só podiam enviar o currículo aquelas que vestem entre 36 a 42 e medem mais do que 1,65 m

Correio Braziliense
postado em 25/03/2023 00:16 / atualizado em 25/03/2023 00:16
Anúncio exige
Anúncio exige "perfil panicat, de academia, malhada" de candidatas a um freelancer em uma feira agrícola. Na página da empresa de seleção, selecionadas de outras edições do evento são vistas com roupas que marcam o corpo - (crédito: Instagram @kilmesfeiraseeventos)

O anúncio de vagas de emprego para mulheres em uma feira agrícola em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, repercutiu negativamente por pedir um “perfil de academia”, “malhada”, do tipo “Panicat” — referência às assistentes de palco do extinto programa Pânico na TV, no qual as mulheres tinham corpos curvilíneos e volumosos e ficavam de biquíni durante a atração.

Além disso, a vaga limita o manequim e a altura das candidatas: só podem enviar o currículo aquelas que vestem entre 36 a 42 e medem mais do que 1,65 m. De acordo com a publicação, que foi feita nas redes sociais, a justificativa de definir o manequim é o uniforme que será disponibilizado.

A vaga foi revelada pelo Balanço Geral de São Paulo, da Record TV, nesta quinta-feira (23/3). O anúncio foi feito pela empresa de seleção e eventos Kilmes Feiras e Eventos, que informou a disponibilidade de mais de 100 vagas para a Feira Agrishow, que ocorre em maio em Ribeirão Preto. Os postos de trabalho não foram revelados. O pagamento do trabalho de 8 horas e 30 minutos é de R$ 240 por dia.

A seleção também estava em busca de homens, que deveriam seguir regras de manequim (36 a 44) e altura (1,75m). Na página da empresa no Instagram, é possível encontrar os perfis selecionados por ela para outras edições do Agrishow. Nas fotos, as mulheres, magras e curvilíneas, vestem vestidos curtos e colados, com alças quase inexistentes e posam ao lado de veículos agrícolas.

Há também outros uniformes, de calça comprida e blusas, mas com materiais que marcam o corpo. Também há pouca diversidade nas modelos: nas fotos disponibilizadas no Instagram, apenas duas mulheres negras foram vistas; a maioria eram loiras e brancas.

O que dizem as partes:

O Correio tentou contato com a Agrishow na noite desta sexta-feira (24/1), mas não obteve resposta até a última atualização desta matéria — o espaço permanece aberto para eventuais manifestações. Ao Uol, a diretora da feira, Liliane Bortoluci, disse que a situação é “triste e desanimadora”.

“Existem pessoas muito competentes de todos os sexos, gêneros, tamanho, altura. Então, é possível você dar oportunidade para diversas pessoas", declarou a empresária. A Agrishow também disse que “repudia qualquer tipo de discriminação, bem como condutas de seleção por questões meramente estéticas".

A empresa solicitou o cancelamento da publicação e a exclusão do nome dela do anúncio, já que afirma que a Agrishow não contratou a Kilmes para a seleção e que ela “não faz parte da lista de fornecedores oficiais do evento. A publicação não está mais no ar.

À Record TV, a Kilmes afirmou que os critérios da contratação foram definidos pelo cliente. O Correio também tentou entrar em contato com a Kilmes Feiras e Eventos na noite desta sexta-feira (24/1), mas não obteve resposta até a última atualização desta matéria — o espaço permanece aberto para eventuais manifestações.

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