CRIME

Secretaria de SC apura denúncia sobre professor que apoiou ataque a creche

A Polícia Civil de Joinville informou que instaurou um inquérito policial para investigar o caso. O docente e a direção escolar serão intimados para depor na segunda-feira (10/4)

Talita de Souza
postado em 07/04/2023 21:49 / atualizado em 07/04/2023 21:57
Vigília feita à pré-escola particular Cantinho Bom Pastor em Blumenau, Santa Catarina, reuniu centenas de flores e desenhos feitos por outras crianças em homenagem às quatro vítimas de um homem de 25 anos que invadiu a creche e matou quatro crianças -  (crédito: Anderson Coelho / AFP)
Vigília feita à pré-escola particular Cantinho Bom Pastor em Blumenau, Santa Catarina, reuniu centenas de flores e desenhos feitos por outras crianças em homenagem às quatro vítimas de um homem de 25 anos que invadiu a creche e matou quatro crianças - (crédito: Anderson Coelho / AFP)

A Secretaria de Estado de Educação de Santa Catarina informou, nesta sexta-feira (7/4), que apura uma denúncia feita por pais e alunos de uma escola estadual em Joinville contra um professor que teria apoiado o ataque à creche Cantinho Bom Pastor, que resultou na morte de quatro crianças, na quarta-feira (5/4).

O professor trabalha na escola estadual Georg Keller, de Joinville, e usou uma aula do primeiro ano do ensino médio para comentar a tragédia que atingiu Blumenau. De acordo com um vídeo gravado por estudantes e obtido pelo jornal local NSC Total, o docente diz que “mataria uns 15,20, entrar com dois facões, um em cada mão e pá, passar correndo e acertando”.

Pais e alunos foram à direção da escola pedir o afastamento ou a expulsão do professor. Eles foram informados que a escola está “tratando disso junto ao órgão competente”. Em nota, a Secretaria de Educação de Santa Catarina informou estar “ciente da situação envolvendo um professor na EEB Dr. Georg Keller e está tomando todas as medidas cabíveis”.

A pasta diz que a apuração está na etapa de verificação dos fatos junto a direção da escola “para dar andamento ao processo”. “A SED salienta que, visando o fortalecimento socioemocional, o currículo catarinense trabalha com competências e habilidades que ampliam o respeito e a empatia na sociedade. As coordenadorias regionais também contam com profissionais como psicólogos e assistentes sociais, que compõem o Núcleo de Prevenção às Violências Escolares (NEPRE), para dar suporte às escolas e estudantes”, acrescenta a nota.

A Polícia Civil de Joinville informou, ao NSC Total, que um inquérito policial foi aberto nesta sexta-feira (7/4) para apurar o caso. O órgão afirma que o educador, a direção da escola e testemunhas envolvidas na denúncia serão intimados, na segunda-feira (10/4), para depor sobre o episódio.

A polícia também orienta que pais, responsáveis e alunos que tiverem mais informações ou foram testemunhas ou vítimas da conduta do docente devem registrar queixa na 7ª Delegacia de Polícia de Joinville.

Discurso de ódio e apologia ao suicídio fazem parte da conduta do professor

Uma aluna contou ao NSC Total que o assunto começou quando a turma passou a falar, com choque, sobre a tragédia. Em seguida, o professor entrou na conversa e disse que “mataria mais do que quatro pessoas, pois a população está muito grande”, disse.

O episódio não é um caso isolado, afirmam dois alunos e a mãe de um estudante da escola ao NSC Total: o professor já fez comentários racistas, homofóbicos e misóginos, dizem os estudantes. “Ele diz que mulher não deve ter os mesmos direitos dos homens. Ele xinga nas aulas. Ninguém gosta das aulas dele, todos ficam desanimados. O que ele ensina é errado”, disse uma aluna.

Os secundaristas também revelam que o professor já fez, ao menos duas vezes, apologia ao suicídio dentro de sala de aula. Na primeira vez, uma estudante afirmou estar triste e o docente sugeriu que a menina tirasse a própria vida para “poupar oxigênio no mundo”.

O professor também tem o hábito de criticar a aparência dos alunos e fazer piadas ofensivas, além de praticar xenofobia contra alunos venezuelanos. “Além de intolerância religiosa com alunos, xinga as crenças deles”, acrescenta um estudante.

O Correio entrou em contato com a Secretaria de Estado de Educação de SC para saber o andamento da investigação, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem. O espaço segue em aberto para futuras manifestações. 

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