Agressão

Jornalista é agredido na porta de casa por policiais à paisana no MS

Sandro de Almeida Araújo foi abordado no momento em que chegava em casa, em Nova Andradina. Em nota, o Comando da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul informou que o caso será investigado

Yasmin Rajab
postado em 03/06/2023 15:45
 (crédito: Reprodução/Twitter/@topmidianews)
(crédito: Reprodução/Twitter/@topmidianews)

Mais um episódio de agressão contra jornalistas ocorreu na última sexta-feira (2/6), desta vez em Mato Grosso do Sul. Sandro de Almeida Araújo, 46 anos, foi perseguido e agredido por policiais militares à paisana. 

O homem foi abordado no momento em que chegava em casa, localizada em Nova Andradina. O momento foi gravado pelas câmeras de segurança da casa. Nas imagens, é possível perceber que ao menos um dos policiais estava armado.

Ao portal G1, Sandro disse que ficou sem ar ao ser imobilizado pelos agressores. "Comecei a falar que tenho pressão alta e que não estava bem, os homens pararam de me enforcar. Os homens disseram que queriam revistar meu carro, mesmo sem nenhum tipo de mandado, eu deixei. Eles revistaram meu carro, não acharam nada. Depois da revista eu entrei na minha casa, tomei um remédio para me acalmar, voltei para o portão e os homens tinham ido embora".

Ele declara que não sabe o motivo das agressões, mas acredita que tenha sido devido à atuação na cobertura de segurança pública em Nova Andradina.

Em resposta ao Correio, a assessoria de comunicação da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul enviou a seguinte nota: 

"O Comando da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul informa que já está tomando todas as medidas necessárias para elucidar os fatos ocorridos na data de 02 de junho, na cidade de Nova Andradina, na qual esteve envolvido o cidadão Sandro de Almeida Araújo. Será instaurado procedimento administrativo para apurar as circunstâncias, bem como a conduta dos Policiais Militares envolvidos nessa ocorrência.

A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul é formada por mulheres e homens que diariamente servem a sociedade sul-mato-grossense mesmo com o risco da própria vida e, em respeito a esses policiais militares e a toda comunidade atendida pela Corporação, o Comando da PMMS, reafirmando o compromisso da instituição com o fiel cumprimento das leis, tem total interesse em elucidar as circunstâncias do fato citado.

Ademais, a PMMS é uma instituição que preza e promove o Estado Democrático de Direito, o qual se solidifica, também, pelo livre trabalho da imprensa, segmento que atua em harmonia com a Corporação, inclusive, incentivando o aperfeiçoamento do trabalho desenvolvido pela Polícia Militar."

Sindicatos repudiam as agressões

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul (Sindjor-MS) replicou uma nota do Sindicato dos Jornalistas Profissionais na Região da Grande Dourados (Sinjorgran), que repudia as agressões contra Sandro de Almeida. Confira na íntegra:

"O Sinjorgran (Sindicato dos Jornalistas Profissionais na Região da Grande Dourados) repudia com veemência a agressão praticada por policiais militares à paisana contra o jornalista Sandro de Almeida Araújo, que trabalha como repórter e é diretor do portal de notícias de Nova Andradina, Mato Grosso do Sul.

Em um estado democrático de direito é incabível a agressão por parte de agentes do Estado contra qualquer cidadão, muito menos contra um jornalista em razão da sua profissão. Essa não foi a primeira vez que homens da Polícia Militar de Nova Andradina investiram contra o jornalista Sandro de Almeida Araújo em razão da postura investigativa desse profissional.

Se o comando-geral da Polícia Militar e sua Corregedoria tivessem agido com rigor e imparcialidade a situação não teria chegado ao extremo registrado nesse último episódio, onde o jornalista foi perseguido, cercado, agredido física e moralmente por policiais militares armados e à paisana.

O Sinjorgran espera que o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, e o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Carlos Videira, determinem a pronta investigação desse grave crime de tortura contra o jornalista Sandro de Almeida Araújo, punindo com o rigor da lei aqueles que deveriam usar a nobre profissão de agente da lei para proteger o cidadão e não para perseguir, agredir e torturar um jornalista em razão do seu trabalho constitucional de informar a sociedade.

O Sinjorgran vai acompanhar de perto a apuração dessa grave denúncia, cobrando transparência dos organismos de segurança pública e também dos órgãos de controle como o Ministério Público Estadual (MPE).

Por fim, o Sinjorgran renova e ratifica o compromisso de defender todo jornalista que sofrer ameaça ou agressão física ou moral na tentativa de censurar um profissional da imprensa ou cercear o direito que a sociedade tem de receber informação, mesmo que a notícia não agrade quem está no poder ou no comando das forças de segurança pública."

O Correio também entrou em contato com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de MS (Sejusp-MS) para ouvir mais detalhes sobre o caso, mas até o momento de publicação deste texto não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestações. 

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