bruno pereira e dom phillips

Um ano depois da morte, memória dos ambientalistas é celebrada

No Dia Mundial do Meio Ambiente, indigenista e jornalista são lembrados não apenas por terem sido assassinados, mas, também, por serem símbolos da preservação e do respeito aos povos originários

Isabel Dourado*
Aline Gouveia
postado em 06/06/2023 03:55
 (crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil)
(crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil)

A Universidade de Brasília (UnB) homenageou, nesta segunda-feira, no Dia Mundial do Meio Ambiente, um ano da morte do indigenista Bruno de Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips. O evento lembrou a luta dos dois na defesa dos povos indígenas do Vale do Javari (AM) — onde foram assassinados —, assolado pelo crime organizado. No Rio de Janeiro, eles também foram lembrados em uma celebração que contou com a viúva de Dom, Alessandra Sampaio.

Na UnB, a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, salientou que a luta em defesa da natureza e pela sustentabilidade deixou várias vítimas — como o ambientalista Chico Mendes e a missionária Dorothy Stang, além de Bruno e Dom.

"O legado do Bruno é o legado de todos nós. Hoje é um dia especial e as homenagens que estão sendo feitas àqueles que tiveram que se sacrificar ao extremo. Aquilo que não pode ser destruído traz para nós um alerta, como brasileiros e humanidade. Essa luta deveria ser de todos", conclamou a ministra.

Transformação

A presidenta da Funai, Joênia Wapichana, afirmou que é fundamental ter uma atuação conjunta e ministerial para que a luta de Bruno e Dom não seja em vão. "Precisamos responder ao que aconteceu há um ano. A gente tem que dar uma resposta aos indígenas, à família do Dom e do Bruno e à sociedade", disse.

Viúva de Bruno, Beatriz Matos — que é diretora de Proteção Territorial e de Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato, no Ministério dos Povos Indígenas — enxerga uma transformação gradual na seara ambiental, que começou a avançar com as mortes do indigenista e do jornalista e que está se consolidando no atual governo. "Isso é fruto do trabalho do Bruno. No funeral, o presidente Lula me ligou e falou que, se fosse eleito, não teria mais garimpeiros em terra indígena. Está acontecendo uma transformação", afirmou.

No Rio de Janeiro, Alessandra destacou que confia na Justiça para julgar os assassinos e mandantes do crime. Ela acredita que o julgamento seria um recado importante para as redes criminosas que atuam no Vale do Javari e em outras áreas da Amazônia.

"Essa rede criminosa se aproveita da pobreza, da falta de oportunidade de trabalho. Eles arregimentam pessoas para trabalhar no garimpo, para desmatar florestas. E quando a gente vai mudar isso? A gente vê isso desde sempre. Vai precisar morrer mais jornalista lá? Quantos ativistas vão precisar ser mortos para se ter uma mudança real?", cobrou. (Com Agência Brasil)

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi


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