CLIMA

Três pessoas morrem na passagem do ciclone extratropical pelo Sul e Sudeste

O fenômeno meteorológico acarretou prejuízos em cinco estados. Ventos de quase 150km/h foram registrados em Santa Catarina, que teve de fechar o aeroporto da capital. Estradas foram interditadas pela queda de árvores

Isabel Dourado*
postado em 14/07/2023 03:50
Atingido por uma árvore de quase 30 metros, carro da autoescola ficou destruído. A aluna que dirigia o veículo foi socorrida, mas morreu no hospital -  (crédito: José Eymard/TV Vanguarda)
Atingido por uma árvore de quase 30 metros, carro da autoescola ficou destruído. A aluna que dirigia o veículo foi socorrida, mas morreu no hospital - (crédito: José Eymard/TV Vanguarda)

Quatro pessoas morreram em decorrência da passagem de um ciclone extratropical por estados do Sul e do Sudeste, entre a noite de quarta-feira e a manhã de ontem. A chuva volumosa acompanhada de fortes rajadas de vento, de mais de 90km/h, também provocou muitos estragos, principalmente nas cidades do interior do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná e de São Paulo. A primeira morte foi registrada no município de Rio Grande, no litoral gaúcho, provocada pela queda de uma árvore sobre a casa da vítima, um homem idoso. O governador em exercício do RS, Gabriel Souza, informou ainda que sete pessoas ficaram feridas em Sede Nova.


“A estimativa que nós temos, neste momento, em virtude desse ciclone que está atingindo o estado — aliás, o terceiro ciclone consecutivo em 20 dias que presenciamos aqui no Rio Grande do Sul, com graves danos à vida e às estruturas econômicas aqui do estado. São mais de 400 mil gaúchos e gaúchas sem energia elétrica neste momento”, disse Souza. Dez rodovias gaúchas sofreram algum tipo de bloqueio. A expectativa do governo estadual é de que as atividades escolares sejam retomadas hoje.


Duas mortes aconteceram no interior de São Paulo. Em Itanhaém, na Baixada Santista, uma mulher de 80 anos foi eletrocutada por um fio que arrebentou por causa da ventania. Em São José dos Campos, uma mulher de 24 anos estava fazendo aula de autoescola quando o carro dela foi atingido pela queda de uma árvore de 30 metros. Ela foi socorrida e levada para um hospital, mas teve a morte cerebral confirmada horas depois.

Em Brusque, no interior catarinense, um técnico que trabalhava na manutenção da rede telefônica foi atingido pela queda de uma árvore e não resistiu. Em Bom Jardim da Serra, as rajadas de vento chegaram perto de atingir 150km/h.

A passagem do ciclone por cinco estados do país provocou enchentes, destruiu trechos de rodovias, destelhou casas, arrancou placas de publicidade e derrubou um sem número de árvores em centenas de municípios. Em São Paulo, além das duas mortes, o fenômeno alterou a rotina do Aeroporto Internacional de Guarulhos. Pelo menos seis aviões foram obrigados a arremeter (interromper a aterrissagem antes de o aparelho tocar no solo) por causa dos fortes ventos, que passaram dos 70km/h. No Aeroporto de Navegantes, em Santa Catarina, a escada de acesso a uma aeronave tombou na pista. O terminal estava em operação especial porque recebia parte do movimento do aeroporto de Florianópolis, que passou o dia fechado por causa do vendaval.

El Niño

O Inmet e a Marinha já tinham emitido alertas para a previsão de fortes rajadas de vento nos estados do Sul. Ciclones são sistemas de baixa pressão atmosférica, isto é, regiões causadoras de tempo adverso em grande escala. O meteorologista Mamedes Melo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explica que os ciclones extratropicais são associados às frentes frias, mas não trazem “volumes de chuva tão expressivos quanto um furacão.”

“No Sul do Brasil, neste período, é comum acontecer os ciclones extratropicais porque, no inverno, normalmente, a água do Atlântico é mais quente que a do Continente. Por isso, (os ciclones) se formam no oceano, na costa do Rio Grande do Sul, e vão embora.”

Especialistas explicam que a ocorrência desses eventos extremos podem se tornar cada vez mais frequentes no futuro. Especialmente devido às mudanças climáticas. “Com certeza, a maior ocorrência desses eventos não está descartada nos anos vindouros. A própria OMM (Organização Meteorológica Mundial) está avisando que a gente está passando por um ônus de eventos extremos e por coincidência ou não a gente está com o El Nino aí no radar. Então quando começar a primavera a gente vai sentir um reflexo maior especialmente na região sul onde vai ter chuva e tempestade com maior frequência”, explica o meteorologista.

*Estagiária sob a supervisão de Vinicius Doria

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