Justiça

Caso Evandro: TJ-PR aceita novos áudios como prova para revisão criminal

Gravações que mostram possível tortura para que acusados pudessem confessar o crime poderão ser usadas na revisão criminal

Menino Evandro desapareceu em 1992 quando tinha seis anos  -  (crédito: Reprodução )
Menino Evandro desapareceu em 1992 quando tinha seis anos - (crédito: Reprodução )
Thays Martins
postado em 25/08/2023 00:12

A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) decidiu, nesta quinta-feira (24/8), aceitar que novas gravações sejam usadas como provas na revisão criminal da investigação do desaparecimento do menino Evandro Ramos Caetano, nos anos 1990.

O pedido de revisão foi feito por dois réus, o artesão Davi dos Santos Soares e o pai de santo Osvaldo Marcineiro, que em 2004 foram condenados a quase 20 anos de prisão pelo crime.

As gravações, que mostram possíveis torturas aos acusados do crime para que eles pudessem confessar, foram reveladas pelo jornalista Ivan Mizanzuk, por meio de um podcast e depois em uma série documental do Globoplay.

Em março, a 2ª Câmara Criminal do mesmo tribunal tinha negado a revisão criminal do caso no pedido feito por Beatriz Cordeiro Abagge, também condenada pelo crime, em 2011.

Dessa vez, a maioria dos desembargadores entendeu que as gravações são válidas para ser analisadas como provas. Os desembargadores Miguel Kfouri Neto e Lidia Maejima votaram contra a revisão criminal, pois, para eles, é preciso que seja feita uma perícia nos áudios para saber se são verdadeiros. Já os desembargadores Gamaliel Seme Scaff, Adalberto Xisto Pereira e Sergio Luiz Patitucci votaram a favor.

Ainda falta os desembargadores decidirem se a decisão pode se estender a Beatriz Cordeiro Abagge. O julgamento foi interrompido após um pedido de vista.

"Decidiu-se, nesse primeiro momento e por maioria de votos, que era possível conhecer da revisão criminal e que as fitas recém descobertas pelo jornalista Ivan Mizanzuk são admissíveis e podem ser apreciadas", explicou por uma rede social o advogado do caso, Tomás Chinasso Kubrusly.

Caso Evandro

O menino Evandro sumiu em 1992, em Guaratuba, no litoral do Paraná, quando tinha apenas seis anos. Ele foi achado morto com sinais de violência alguns dias depois. 

Beatriz Abagge, Osvaldo Marcineiro, Davi dos Santos Soares e Vicente de Paula, morto por complicações de um câncer em 2011,  foram condenados pelo crime após terem confessado. As fitas mostram o momento dessa confissão. No entanto, os áudios demonstram que eles podem ter sido torturados e induzidos a falarem que eles tinham cometido o crime.

 

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