Rio Grande do Sul

Rio Grande do Sul: buscas intensas por 46 desaparecidos

Gaúchos enterram os mortos da passagem do ciclone pelo estado. Alckmin desembarca com comitiva para oferecer ajuda federal

Tomado pela lama, cemitério de Muçum recebe os corpos dos moradores que perderam a vida na tragédia: cidade registrou 15 mortes -  (crédito:  AFP)
Tomado pela lama, cemitério de Muçum recebe os corpos dos moradores que perderam a vida na tragédia: cidade registrou 15 mortes - (crédito: AFP)
Ândrea Malcher
Vinicius Doria
postado em 10/09/2023 06:00

Uma das cidades gaúchas mais atingidas pela passagem de um ciclone extratropical no início da semana, Muçum, no Vale do Taquari, passou os últimos dias enterrando mortos. Pelo menos 15 moradores perderam a vida na tragédia e o município ainda procura por 30 das 46 pessoas que ainda estão desaparecidas em todo o Rio Grande do Sul. Ontem, mais corpo foi localizado, totalizando 42 até o fechamento desta edição. Hoje, uma comitiva de sete ministros, liderada pelo vice-presidente e titular da pasta do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSB), desembarca na Base Aérea de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, para ver de perto os estragos causados pelo ciclone e discutir medidas do governo do estado que contarão com ajuda de Brasília.

Ontem, Alckmin — que ocupa a Presidência da República interinamente — reuniu, pela terceira vez, o Comitê Permanente de Apoio ao Rio Grande do Sul, com os ministros do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes; do Desenvolvimento Social, Wellington Dias; do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira; e da Comunicação, Paulo Pimenta; além do almirante Aguiar Freire, que chefia o Estado Maior Conjunto das Forças Armadas. Para a visita de hoje, também estarão na delegação a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva; da Defesa, José Múcio; e da Saúde, Nísia Trindade

Muçum será uma das cidades visitadas pelas autoridades, que também passarão por Roca Sales e Lageado. Pelas redes sociais, o vice-presidente confirmou que o governo federal está enviando ao estado 5 mil cestas básicas e kits de saúde com capacidade para atender 15 mil pessoas. Serão repassados às prefeituras recursos correspondentes a R$ 800 reais por cidadão, para fazer frente às despesas com alojamento e alimentação de quem não pode voltar para casa, além de também ter antecipado o saque do FGTS e do Benefício de Prestação Continuada (BPC). O governo federal reconheceu o estado de emergência em 87 municípios.

"Estamos atuando em todas as frentes. Amanhã, estaremos no Vale do Taquari para acompanhar de perto a situação", prometeu o presidente interino, nas redes sociais.

O ministro Wellington Dias informou que a pasta dele irá disponibilizar cerca de R$ 56 milhões, incluindo uma bolsa de R$ 4,6 mil por família de pequenos agricultores que perderam renda.

Prejuízos

Os temporais que atingiram o Rio Grande do Sul com a passagem do ciclone também provocaram a interrupção de estradas. Até ontem, ainda havia dez pontos de bloqueio em rodovias, sendo oito em vias estaduais e dois nas BRs 116 e 392.

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) estima que a passagem do ciclone extratropical causou um prejuízo de cerca de R$ 1,3 bilhão. O relatório aponta que pelo menos 8 mil casas foram danificadas ou completamente destruídas, um estrago de R$ 175 milhões. O comércio local soma perdas de pelo menos R$ 423,8 milhões e, no setor público, deverão ser gastos com limpeza urbana e remoção de escombros em torno de R$3,1 milhões.

Preces do papa

O papa Francisco enviou ao arcebispo de Santa Maria, d. Leomar Brustolin, uma mensagem de solidariedade às vítimas da tragédia no Sul do Brasil. "O papa Francisco, com sua paternal solicitude, quer assegurar a vossa excelência e aos demais bispos do regional, dos sufrágios que oferece pelo eterno descanso das vítimas fatais, bem como das preces que eleva ao Altíssimo pelas famílias desabrigadas, desejando que a reconstrução das localidades atingidas ocorra de maneira rápida e eficaz. Como penhor de conforto, o romano pontífice concede a todos que foram afetados pelas grandes enchentes a bênção apostólica."

Em apenas oito dias, o volume de chuva no estado gaúcho atingiu 200 mm, o que superou a média para todo o mês de setembro, segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec-INPE), se tornando uma das maiores tragédias climáticas no Rio Grande do Sul. Em alguns locais, como nas cidades de Passo Fundo, Cruz Alta e Serafina Corrêa, o acumulado de chuvas alcançou 300 mm. A expectativa para os próximos dias ainda é de muita chuva, embora a frente fria esteja se deslocando em direção a São Paulo.

 


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