INOVAÇÃO

Programa de moradia para pessoas em situação de rua terá piloto no Brasil

As capitais brasileiras ofertarão casas às pessoas em situação de rua, junto com acompanhamento de saúde física e mental

Seminário Internacional promovido pelo MDHC debate programa Moradia Primeiro no Brasil -  (crédito: Mayara Souto / C.B./ Diários Associados)
Seminário Internacional promovido pelo MDHC debate programa Moradia Primeiro no Brasil - (crédito: Mayara Souto / C.B./ Diários Associados)
postado em 28/11/2023 18:46

Um programa de moradia para pessoas em situação de rua será desenvolvido no Brasil, a partir de trocas com experiências internacionais no II Seminário Internacional Moradia Primeiro (Housing First). O evento ocorre nesta terça-feira (28/11) e quarta-feira (29/11), em Brasília, e reúne especialistas para pensar a construção do projeto, que será coordenado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). O Centre for Health, Human Rights and Social Justice também participa da organização do seminário. Ao Correio, especialistas avaliaram a política pública. 

O conceito de Housing First surgiu com o psicólogo Sam Tsemberis e foi implementado nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. O programa prevê acesso imediato à moradia segura, individual e integrada às pessoas em situação de rua crônica - que estão há mais de 5 anos nessa vulnerabilidade, com uso abusivo de álcool e/ou outras drogas e transtornos mentais. A partir disso, a pessoa passa a ser acompanhada simultaneamente por profissionais de várias áreas que a apoiem nas necessidades apresentadas em cada caso. 

"Tenho certeza de que o Brasil, mesmo com tantos desafios nessa temática, tem todas as condições de implementar e executar o Moradia Primeiro”, afirmou Tsemberis, que está no Brasil para auxiliar na construção do projeto junto ao MDHC. 

Outra autoridade no assunto, Leilani Farha, advogada canadense, também integra o evento internacional. Ela foi Relatora Especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o direito à moradia adequada, entre 2014 e 2020, e autora das primeiras Diretrizes da ONU para a implementação do direito à moradia. "Esse é um momento muito importante no Brasil. Há um governo que realmente acredita, pelo o que eu vejo, no direito humano à casa, à educação, à saúde. É muito importante esse movimento e a troca com experts internacionais e brasileiros. Eles sabem o que essas pessoas precisam para viver uma vida feliz e saudável", afirmou a defensora de direitos humanos.

Para ela, a experiência brasileira é "animadora" e em escala inédita em um país da América Latina. "Não acredito que eu tenha visto um programa de moradia primeiro nessa escala, como a do Brasil, na América Latina. O que é animador para mim é que, como advogada de direitos humanos, já vi housing first em diferentes países do mundo. Porém, esquisitamente, nunca vi o programa moradia primeiro casado com os direitos humanos. E isso é muito único. Os direitos humanos são transformadores, mudam a relação do governo com a população", finaliza a Leilani Farha. 

Na coordenação da política pública brasileira está Isadora Brandão, secretária nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (SNDH). Ela confirma que o programa moradia primeiro será implementado no Brasil, após as conclusões feitas durante o seminário, junto aos especialistas. "Nosso objetivo é construir o nosso programa de moradia primeiro no Brasil, que esperamos apresentar ao STF (Supremo Tribunal Federal). A expectativa é que a gente possa contemplar as principais capitais do país, que são justamente os locais com a maior concentração de pessoas em situação de rua", declarou. 

O II Seminário Internacional Moradia Primeiro (Housing First) ocorre até amanhã no Edifício Parque Cidade Corporate, em Brasília. 

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