Terrorismo

Hezbollah: brasileiro diz ter recebido proposta de U$ 100 mil para matar

O Correio teve acesso à íntegra do depoimento do músico brasileiro Michael Messias, que revela supostos detalhes de como o grupo tentou recrutá-lo para atentados

O músico brasileiro Michael Messias, preso em Copacabana, no Rio de Janeiro, no começo do mês, por suspeita de ligação com o Hezbollah, mudou a versão que tinha dado à Polícia Federal. De acordo com o acusado, quando estava em Beirute, no Líbano, ele foi chamado pelo sírio Mohamad Khir Abdulmajid, naturalizado brasileiro, de quem teria recebido uma proposta de U$ 100 mil (R$ 500 mil) para matar pessoas. O Correio teve acesso à íntegra do depoimento e, em três páginas, o homem contou os detalhes do suposto envolvimento dele com suspeitos de integrar o Hezbollah.

Michael alegou à PF que, durante a sua viagem, no hall de um hotel de luxo, de frente para o mar, Mohamad o questionou se ele teria coragem de matar pessoas, ao que ele respondeu “jamais”.

Assim que chegou a Beirute, o músico disse que foi buscado no aeroporto por Mohamad e levado ao hotel. Ele foi questionado, então, pelo homem se fazia parte de alguma facção criminosa, como PCC ou Comando Vermelho, o que ele negou.

Na oitiva, Michael também afirmou que foi questionado por Mohamad se o Brasil é um país violento e se ele conhecia membros de facções criminosas, procurados pela polícia ou ex-policiais que seriam capazes de matar.

Novo caso

A Polícia Nacional da Espanha, a Polícia Federal e o Federal Bureau of Investigation (FBI) participaram de uma operação que prendeu dois brasileiros em Málaga, na Espanha, acusados de ligação com o Estado Islâmico. As detenções ocorreram na segunda-feira (27/11) e foram divulgadas hoje (28). Eles foram recrutados para espalhar material com ideais radialicalistas pelas redes sociais.

A reportagem conversou com Barbara Krysttal, gestora de Políticas Públicas (USP) em Controle e Defesa Nacional e analista de Inteligência Antiterrorismo. Segundo a especialista, as publicações na internet feitas por esses grupos têm pelo menos dois objetivos principais: espalhar terror e recrutar novos insurgentes.

“Alguns grupos terroristas fazem questão de aumentar o número de postagens e vídeos com altíssimo grau de violência. Um dos principais motivos é o aumento do seu poder por meio do medo frente à utilização da violência extrema. E a segunda prioridade está em aumentar os números de possíveis seguidores, financiadores e voluntários a esses grupos", ressaltou.

Ela destacou, ainda, que as redes sociais têm aumentado a participação de jovens no terrorismo e que é importante que a regulamentação atue contra essa prática.

“É necessário uma reformulação aos planos de combate ao terrorismo no Brasil e exigir mais segurança e responsabilidade das empresas de aplicativos sociais em causas relacionadas a tráfico de humanos, pedofilia e terrorismo”, completou.

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