
A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) está passando por uma atualização e, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), o Ministério da Saúde abriu uma pesquisa para ouvir os idosos sobre os principais desafios que enfrentam ao buscar atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).
A iniciativa, que contou com um formulário disponível até segunda-feira, busca assegurar que as melhorias na política de saúde reflitam as reais necessidades e experiências da população da terceira idade.
O questionário foi desenvolvido para que pessoas com 60 anos ou mais, que usam ou já usaram os serviços do SUS, possam compartilhar suas dificuldades e expectativas no uso da saúde pública. A coleta das respostas foi feita de forma anônima, sem necessidade de informar dados pessoais, permitindo que os participantes se expressassem livremente.
O Brasil enfrenta uma realidade demográfica crescente, com uma população idosa que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), chega a cerca de 32,9 milhões de pessoas, representando 15,8% da população total. Desses, aproximadamente 70% dependem exclusivamente do SUS para cuidados de saúde. Esse aumento, de 56% na última década, exige uma atenção redobrada às necessidades dessa faixa etária.
A coordenadora de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa do Ministério da Saúde, Ligia Gualberto, destaca a importância de uma política pública inclusiva e voltada para a diversidade da população idosa.
"Precisamos dar atenção à diversidade de territórios, trajetórias de vida e, portanto, alcançar as necessidades das pessoas com todos os diferentes perfis de envelhecimento. Queremos promover equidade e uma política pública cuja implementação traga melhorias reais para a vida das pessoas idosas", afirma.
Além da pesquisa, outras iniciativas têm sido implementadas para melhorar o atendimento à pessoa idosa, como o Guia de Cuidados para a Pessoa Idosa, lançado em 2023. O documento orienta sobre as mudanças naturais do envelhecimento e promove o autocuidado. A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, também em processo de revisão, busca melhorar a organização e qualificação dos serviços de saúde, com foco em identificar as vulnerabilidades mais comuns dessa faixa etária.
O Guia de Cuidados ressalta que, com o aumento da longevidade, é fundamental conhecer os cuidados específicos necessários durante o envelhecimento. Os dados do IBGE indicam que, em média, as mulheres têm uma expectativa de vida de 80 anos, enquanto os homens vivem até 73 anos. As diferenças regionais também são marcantes, com o Sul e Sudeste concentrando a maior parte da população idosa, enquanto na Região Norte, estados como Acre, Rondônia, Roraima e Tocantins apresentam predominância de homens entre os idosos.
Embora o Brasil tente se esforçar para avançar nas políticas voltadas para a saúde da pessoa idosa, a realidade ainda é marcada por idosos como o servidor público aposentado Adilson Castro, de 69 anos, com experiências ruins quando precisam de cuidados médicos. Ele relata que o que considera um dos maiores problemas no SUS é a falta de empatia e o tempo de espera para atendimento.
"Nós deveríamos ter a segurança de chegar ao posto de saúde e sermos atendidos no mesmo momento, mas, pelo contrário, ficamos horas e horas sentindo dores para alguém nos chamar", lamentou.
Segundo Adilson, em uma ocasião, após sofrer uma queda em casa, ele passou três horas esperando por atendimento, o que ele descreve como uma verdadeira tortura. A pesquisa promovida pelo Ministério da Saúde e a UnB tem como objetivo de dar voz a esses relatos e proporcionar melhorias nas condições de atendimento à população idosa.
*Estagiária sob a supervisão de Luana Patriolino