
Durante uma sessão especial realizada na terça-feira (17/6), na Câmara Municipal de Belém, a vereadora Marinor Brito (PSol) convocou os movimentos sociais, sindicatos, organizações ambientais e à sociedade civil para irem às ruas no dia 15 de novembro, data marcada como o Dia Global de Mobilização, dentro da programação da Cúpula dos Povos na COP30. O objetivo da parlamentar é reunir cerca de 100 mil pessoas no protesto pacífico.
“Belém vai receber gente de toda a América Latina, Caribe e de várias partes do mundo. Precisamos fortalecer essa mobilização e fazer dessa marcha a maior já realizada nas cidades que sediaram as COPs anteriores”, disse a autora da proposta que resultou na realização da sessão. Essa é a segunda sessão especial organizada pela vereadora sobre mudanças climáticas e os desafios da Cúpula dos Povos rumo à COP30.
Jane Cabral, liderança do Movimento Sem Terra no Pará, observou que a própria classificação do problema como “mudança climática” ameniza a responsabilidade das empresas que agem deliberadamente contra populações guardiãs do meio ambiente ao poluir seus territórios e expulsá-las de seus espaços. “Mudanças climáticas não existem. Isso é naturalizar o que os países do primeiro mundo estão fazendo com os mais pobres, com a América Latina e com os outros povos. O que existe é crime climático porque ele mata os povos e aqui na Amazônia, onde vai ser a COP, o que não falta é crime climático”, defendeu.
Jane denunciou casos emblemáticos, como o sofrimento das comunidades de Barcarena, afetadas diretamente pela atuação da empresa Hydro Alunorte. “Eles dizem que a solução é tirar o povo dali e botar em outro lugar. Mas quem estava lá primeiro não eram eles, eram os povos originários e tradicionais. Quem tem que sair são as empresas que estão matando o povo”, disparou.
As críticas também foram direcionadas ao governo do Pará, especialmente ao que as lideranças chamaram de “greenwashing institucional”, uma maquiagem verde que encobre práticas que seguem violando direitos. A militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Cleidiane Vieira, criticou o governador Helder Barbalho (MDB), que, segundo ela, não defende o meio ambiennte, mas sim, usa da bandeira para se promover.
“Acabamos de ver o governador que fora se veste de verde, o famoso greenwashing, acabou de comemorar a aprovação pelo Ibama da derrocada do Pedral do Lourenço. Isso vai trazer consequências gravíssimas pro pessoal do território que ainda não se recuperou da Usina de Tucuruí. Vai ter novamente seus direitos violados. Esse é o governador da COP 30 que se veste de verde lá fora, mas aqui dentro é mais marrom do que muitas empresas do agronegócio”, pontuou.
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