
A cerimônia de encerramento da Cúpula dos Povos contou com a presença do cacique Raoni Metuktire — uma das principais lideranças indígenas do mundo. Em seu discurso, ele reafirmou que, há décadas, vem alertando o planeta para a destruição do meio ambiente e dos povos originários.
"Há muito tempo, eu vinha alertando sobre o problema que, hoje, nós estamos passando, de mudanças climáticas, de guerras", afirmou Raoni.
"Mais uma vez, peço a todos que possamos dar continuidade a essa missão de poder defender a vida da Terra, do planeta. Eu quero que tenhamos essa continuidade de luta, para que possamos lutar contra aqueles que querem o mal, que querem destruir a nossa terra", completou.
O cacique Raoni ainda criticou conflitos e guerras ao redor do mundo e cobrou mais amor e defesa da vida. "Há muito tempo, eu venho falando para que possamos ter respeito um com o outro e possamos viver em paz nessa terra".
Margem Equatorial
Presença forte nos encontros da Cúpula dos Povos na COP30, Raoni é uma das principais vozes contrárias à exploração de petróleo na Margem Equatorial. "Nós não podemos permitir que essa perfuração aconteça. Nós temos que ser fortes e continuar lutando para que não seja feita essa perfuração", disse o líder indígena, em discurso na semana passada.
"Eu falei com o presidente Lula para ele não procurar petróleo aqui. Vou continuar cobrando. Penso em marcar um novo encontro com ele para falar sobre isso. Temos que ser respeitados", continuou Raoni.
Ponto de divergência entre o governo Lula, ambientalistas e povos indígenas, a prospecção para checar se há petróleo na Margem Equatorial teve a permissão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Questionado sobre essa permissão, o presidente Lula argumenta ainda ser necessário utilizar combustíveis fósseis para financiar uma transição energética.
O cacique Raoni se reuniu no sábado passado, em Belém, com os ministros Guilherme Boulos, Marina Silva e Sonia Guajajara. À ocasião, Raoni apresentou reivindicações relacionadas à proteção territorial e às ações do governo envolvendo populações indígenas. Os ministros afirmaram ao cacique que as demandas serão encaminhadas às áreas responsáveis da administração federal. (FAL)
