Minas Gerais terá a primeira shortline do Brasil com o investimento da Cedro Participações

Ramal Ferroviário Serra Azul, previsto para entrar em operação em 2030, recebe investimentos de R$ 1,5 bilhão

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postado em 07/07/2025 09:31
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Matéria escrita por Gabriella Collodetti, jornalista do CB Brands, estúdio de conteúdo do Correio Braziliense

Por décadas, a BR-381 tem carregado o apelido sombrio de "Rodovia da Morte". Com quase 1.200 quilômetros de extensão, a estrada liga São Paulo a Belo Horizonte, atravessando importantes centros industriais e urbanos de Minas Gerais e do interior paulista. No entanto, a sua relevância econômica contrasta fortemente com uma trágica reputação: acidentes graves, mortes frequentes e um histórico de promessas não cumpridas. 

Apenas em 2024, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou 3.469 ocorrências na via. O dado colocou a BR-381 em terceiro lugar no ranking das rodovias com maior incidência de acidentes no Brasil. No entanto, há expectativas de mudanças no trecho. Com o investimento de R$ 1,5 bilhão, a Cedro Participações aposta na implementação do Ramal Ferroviário Serra Azul, conhecido como shortline – termo que faz referência às ferrovias de curta distância que conectam pontos específicos dentro de uma rede ferroviária maior ou a terminais de transporte. 

Iniciativa inédita no país, o projeto conta com autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para o início das obras, previstas para 2027. A estimativa é que a ferrovia entre em operação em 2030 e as obras devem gerar aproximadamente 4 mil oportunidades de trabalho, entre empregos diretos e indiretos na região durante o período de implantação.

"O traçado conectará os municípios de Mateus Leme, Igarapé, São Joaquim de Bicas e Mário Campos. A linha férrea terá uma extensão de cerca de 26,4 quilômetros e foi projetada para conectar a produção mineral à malha ferroviária nacional", explica Lucas Kallas, presidente do Conselho da Cedro Participações. 

Na prática, a shortline vai criar uma rota exclusiva para o escoamento de minério de ferro, permitindo que o minério extraído na região seja levado diretamente à região portuária do Rio de Janeiro. O projeto é visto como um avanço significativo na diversificação dos modais de transporte em Minas Gerais e vai gerar eficiência operacional para toda a cadeia produtiva.

Lucas Kallas, presidente do Conselho da Cedro Participações
Lucas Kallas, presidente do Conselho da Cedro Participações (foto: Pedro Vilela/Agencia i7)

"A shortline terá capacidade para transportar 24 milhões de toneladas de minério por ano, o que vai elevar a eficiência logística da região e aumentar a arrecadação municipal com tributos", aponta Kallas. Ao interligar as cidades de Mateus Leme, Igarapé, São Joaquim de Bicas e Mário Campos à malha ferroviária regional Sudeste e à malha ferroviária da MRS – dando acesso ferroviário ao Porto de Itaguaí (RJ) – a miniferrovia também vai agilizar as exportações, fortalecendo assim o minério mineiro no mercado internacional. 

Outro aspecto de relevância diz respeito à contribuição com a melhoria da mobilidade urbana nos municípios que receberão o ramal ferroviário. Isso porque, com a rota alternativa, o projeto permitirá a retirada de cerca de 5 mil carretas e caminhões por dia da BR-381. "A redução da circulação de milhares de veículos pesados na BR, uma rodovia com alto índice de acidentes, irá facilitar o escoamento do trânsito e evitar ocorrências na estrada", aponta.

Para Kallas, o ramal reforça o compromisso da Cedro com a melhoria da qualidade de vida da população e a preservação do meio ambiente, além de fortalecer a economia local e regional. “O modal ferroviário emite até três vezes menos dióxido de carbono que caminhões e carretas, podendo reduzir as emissões em até 75%. Entendemos que a construção dessa miniferrovia é uma resposta estrutural e de longo prazo para problemas históricos de Minas Gerais”, defende. 

Kallas ressalta que a shortline entra como uma pauta importante para a Cedro por se tratar de uma alternativa sustentável ao transporte rodoviário. Além disso, na percepção do executivo, a modernização do sistema ferroviário pode atrair investimentos estrangeiros e fortalecer a posição do Brasil e de Minas Gerais no comércio global. 

“O Plano Nacional de Logística 2050 projeta um aumento significativo na participação do modal ferroviário na matriz de transporte brasileira, e essa expansão é essencial para atender à crescente demanda por soluções logísticas eficientes e sustentáveis. A escolha pelos trilhos consolida o Brasil como líder global em mineração e exportação de commodities de forma responsável e inovadora”, contextualiza.

(foto: Valdo Virgo/CB/D.A Press)

 

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