
Matéria escrita por Gabriella Collodetti, jornalista do CB Brands, estúdio de conteúdo do Correio Braziliense.
Nesta quarta-feira (18), é celebrado o Dia do Profissional de Química, responsável por transformar conhecimento científico em soluções que fazem parte do dia a dia da população. Presentes em setores como farmacêutico, alimentício, petroquímico, ambiental e de materiais, os profissionais da Química são agentes fundamentais na aplicação do conhecimento científico para soluções tecnológicas que impulsionam a indústria, preservam recursos naturais e garantem segurança e eficiência em produtos de uso cotidiano.
Wilson Botter, segundo vice-presidente do Conselho Federal de Química (CFQ), reforça que a indústria química é essencial para o bom funcionamento da sociedade moderna. "Não existiria a civilização, como nós a conhecemos hoje, sem as indústrias da área da Química”, afirma. De acordo com o executivo, o segmento fornece os insumos e as matérias básicas para praticamente todos os setores da economia.
“Desde a produção de alimentos, medicamentos, energia e eletrônicos, até produtos de limpeza, cosméticos, construção civil e transporte. Sem a indústria química, não teríamos acesso a muitos dos produtos e tecnologias que garantem a qualidade de vida, saúde, segurança e desenvolvimento econômico que desfrutamos hoje", complementa.
Segundo o CFQ, a indústria química brasileira ocupa a 6ª colocação no cenário mundial, sendo responsável por 11% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial. Para galgar essa posição, gera milhões de empregos diretos e indiretos, em plantas industriais, de pesquisa, logística e comércio: a estimativa é de cerca de dois milhões de empregos.
"O Brasil tem potencial de se tornar um dos líderes mundiais em várias áreas da produção química. Há quem diga que a ex-chanceler alemã Ângela Merkel perguntava, com frequência, ao ministro da indústria: 'o que a nossa indústria química está fazendo?', porque ela sabia, assim como Margaret Thatcher, duas grandes estadistas com formação na área da Química, que se a indústria química vai bem, o país também irá", defende.
Wilson Botter, explica que, para ele, a Química não está presente em quase tudo, mas sim é considerada tudo. "Nosso corpo é formado por substâncias químicas e a vida é uma intrincada cadeia de reações químicas", afirma.
No dia a dia, ele ressalta essa presença em diferentes momentos do cotidiano, como nos produtos de limpeza, nos alimentos embalados, nas roupas, nos automóveis, dispositivos eletrônicos, cosméticos, medicamentos e, até mesmo, tintas e vernizes. "Não há, de fato, um segmento industrial que não dependa da Química", comenta.
O segundo vice-presidente do CFQ pontua que, além dos insumos usados diariamente, a indústria química também contribui para o desenvolvimento de comunidades e regiões onde está presente. "Na área da saúde, os profissionais atuam desenvolvendo novos medicamentos, vacinas, materiais cirúrgicos, próteses e equipamentos médicos", exemplifica.
Na produção e industrialização de alimentos, a atuação começa com a produção de fertilizantes, que aumentam a produtividade; defensivos agrícolas (os chamados agrotóxicos); conservantes que aumentam a validade dos alimentos; e até mesmo embalagens inteligentes.
Já no âmbito da mobilidade urbana, os profissionais da Química propiciam combustíveis mais limpos a partir da produção de veículos elétricos, além dos materiais leves e resistentes que estão presentes desde os automóveis até as aeronaves.
“A Química permite a criação de novos materiais e processos que impulsionam tecnologias inovadoras. Embora se fale frequentemente em ‘novos materiais’, é igualmente relevante pensar em ‘materiais aplicados a novos ciclos tecnológicos’, já que a inovação, muitas vezes, surge do uso criativo de substâncias já conhecidas”, acrescenta José de Ribamar.
Para ele, os profissionais da Química atuam tanto no desenvolvimento de novos materiais quanto na exploração de diferentes formas de combinar e estruturar materiais existentes, abrindo caminho para soluções tecnológicas inéditas.
O futuro da Química
A indústria química brasileira enfrenta uma série de desafios para alcançar um crescimento sustentável, entre eles a necessidade de reduzir as emissões de CO? e os impactos ambientais, a concorrência internacional acirrada, o alto custo das matérias-primas, a obsolescência do parque tecnológico e a forte dependência de insumos importados.
No entanto, o setor também vislumbra importantes oportunidades, como a utilização da biomassa na produção de substâncias químicas renováveis, o avanço da economia circular, a inovação em processos mais limpos e eficientes, além do fortalecimento das cadeias produtivas nacionais. Esses movimentos podem impulsionar a competitividade da indústria no cenário global, desde que acompanhados de investimentos em tecnologia, sustentabilidade e políticas de incentivo à produção local.
Na percepção do segundo vice-presidente do CFQ, os avanços em química verde e os processos sustentáveis serão aspectos de peso para o setor para os próximos anos. Como exemplos, Wilson Botter cita a expansão da química computacional com uso de inteligência artificial e modelagem computacional; o desenvolvimento de novos materiais inteligentes e multifuncionais; a produção de novas substâncias e produtos químicos e energia a partir de fontes renováveis (biomassa e CO? capturado); o desenvolvimento e aumento da eficiência das baterias de estado sólido; e, ainda, o aperfeiçoamento das tecnologias de produção, transporte utilização do hidrogênio.