Matéria escrita por Gabriella Collodetti, jornalista do CB Brands, estúdio de conteúdo do Correio Braziliense
Brasília ainda aprendia a caminhar quando, em 1970, uma proposta pedagógica inovadora fincou raízes no coração da jovem capital. Inspirada na metodologia criada pela educadora italiana Maria Montessori, a Escola Montessori se tornou pioneira ao apostar em uma educação centrada na autonomia, no respeito ao ritmo de cada criança e no aprendizado por meio da experiência. Ao longo das décadas, o colégio acompanhou a evolução da cidade e também ajudou a moldar gerações de cidadãos conscientes e criativos.
Esse olhar diferenciado sobre o papel da criança é um dos pilares centrais da abordagem montessoriana e guia a prática pedagógica da escola. Em instituições que adotam essa metodologia, os alunos são protagonistas do seu próprio desenvolvimento. “Do ponto de vista montessoriano, não são os adultos que ‘constroem’ as crianças, mas as crianças que fazem os adultos”, explica a coordenadora Cleia Antunes.
Na prática, o adulto depende dos esforços da criança, que não é considerada um ser passivo no processo de ensino-aprendizagem. “Por isso, o empenho do aluno vai sempre na direção de se tornar cada vez mais autônomo dos adultos, cada vez mais forte e mais potente”, complementa. Os principais benefícios desse modelo de ensino estão atrelados à uma formação com senso de responsabilidade mais aguçado onde os estudantes irão crescer seguros de suas potencialidades, com a autoestima preservada.
“Eles reconhecem o seu valor e formulam uma imagem mais positiva de si mesmos. Com maior sensibilidade e respeito ao próximo, apresentam maior desenvolvimento da coordenação motora, da concentração e do senso de ordem, além de serem mais persistentes e observadoras”, acrescenta.
Para viabilizar o desenvolvimento pessoal em seus estudantes, as salas de aula são adaptadas para incentivar a exploração do ambiente preparado, com materiais que são específicos e organizados nas estantes, por área de conhecimento, faixa etária e nível de dificuldade. Nesse processo, o professor atua como um guia observador, incentivando a autonomia e oferecendo suporte mínimo, enquanto a sala de aula permite a livre circulação e a escolha das atividades, por parte dos alunos.
O professor montessoriano também é responsável, de acordo com Cleia, por estabelecer conexão com os alunos e construir relacionamentos baseados na confiança. Mais do que criar um ambiente preparado, o educador tem a missão de trazer um modelo de como os alunos devem permear em sua sala de aula e, consequentemente, em seu mundo. Por isso, ele se dedica na construção de uma educação integral, pautada em bons valores como responsabilidade, honestidade, tolerância, gentileza e respeito.
Em sintonia com essa abordagem, Cleia pontua que a Escola Montessori busca estimular o desenvolvimento pleno e a autonomia das crianças em todo o ambiente escolar. “Tudo deve servir a elas, não somente as atividades preparadas pelo professor, mas todos os materiais, toda a mobília, todos os objetos de decoração, tudo que a cerca deve ser intencionalmente preparado para promover a sua autonomia, criatividade e concentração”, pontua.
“Os materiais montessorianos são especialmente eficazes no desenvolvimento sensorial, motor e emocional das crianças. Por exemplo, os materiais da Educação Sensorial, uma das áreas de desenvolvimento da educação montessoriana, ajudam a melhorar a coordenação motora fina, a percepção sensorial e a destreza manual, esses materiais permitem que as crianças explorem diferentes texturas, formas, cores e tamanhos, aprimorando suas habilidades sensoriais”, informa Cleia.
Segundo Cleia, a Escola Montessori preza pelo compromisso com a educação de qualidade, garantindo que todos os conteúdos sejam trabalhados em consonância com as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). "Temos o cuidado de alinhar nossa proposta pedagógica às normas nacionais, assegurando que cada etapa do aprendizado respeite os parâmetros exigidos, ao mesmo tempo em que preservamos a essência do método montessoriano", afirma.
Trazendo ainda mais aprofundamento na aprendizagem, a Escola Montessori também aposta em um ambiente externo com a presença de uma área verde privilegiada, parques, quadras, castelos e laboratórios são ambientes que estimulam a criança em seu desenvolvimento. A coordenadora destaca que, com essa estrutura, as crianças possuem experiências que não são possíveis em qualquer ambiente escolar.
Corpo, mente e emoções em sintonia
Para o desenvolvimento pleno, a Escola Montessori busca unir quatro pilares fundamentais: os aspectos cognitivos, emocionais, sociais e físicos. Para isso, a instituição aposta em atividades que vão além do ensino regular. No Programa Montessori Integral, por exemplo, os alunos contam com atividades como psicomotricidade, horta, culinária, artesanato, costura, judô, balé, dança, cheerleading, futsal, xadrez, teatro e oficina digital criativa.
"Com mais tempo para exercerem seu protagonismo nas atividades diárias, os alunos desenvolvem habilidades para lidarem com situações diversas, sendo capazes de colocá-las em prática nas suas trajetórias pessoais", avalia Cleia. A coordenadora explica que, com o Programa Integral, as crianças contam com atividades que favorecem o bem-estar, o movimento do corpo, a criatividade, a alimentação saudável, a convivência entre idades distintas, o sensorial, o social e o emocional.
