Transformações urbanas redesenham a capital do país

Com foco em mobilidade, drenagem e serviços essenciais, políticas públicas adotadas no Distrito Federal atravessam antigos desafios e mudam a rotina dos moradores

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postado em 18/08/2025 00:00
Avenida da Misericórdia, em Vicente Pires, recebeu pavimentação da Secretaria de Obras (SODF) -  (crédito: Divulgação/SODF)
Avenida da Misericórdia, em Vicente Pires, recebeu pavimentação da Secretaria de Obras (SODF) - (crédito: Divulgação/SODF)

Nos últimos anos, uma série de políticas públicas vêm transformando a paisagem urbana e a dinâmica da cidade. De intervenções estratégicas no sistema viário a obras de drenagem para enfrentar os recorrentes alagamentos, passando pela ampliação do horário de funcionamento de serviços essenciais, as ações do poder público têm buscado dar respostas concretas a desafios históricos.

A região administrativa Vicente Pires, apesar de ter sido criada em 2009, não recebeu os investimentos necessários para que pudesse se desenvolver de acordo com as demandas populacionais. Para mudar essa realidade, o Governo do Distrito Federal (GDF) investiu, desde 2019, cerca de R$ 500 milhões na cidade.

Focando na urbanização da região administrativa, foram implementadas 300 km de vias e calçadas pavimentadas, 185 km de redes de drenagem, 460 km de meios-fios e 13 lagoas de detenção. Além disso, estão em execução o calçamento da Avenida da Misericórdia e a finalização de mais uma bacia de contenção.

"Quando cheguei aqui, não era uma cidade; Vicente Pires era uma zona praticamente rural, só tinha mato. Hoje nós temos vida própria, comércio, lojas, postos de gasolina, ônibus e unidades de saúde. Vejo um desenvolvimento na cidade não só econômico, mas social também", conta Marcelo Lima, morador da região há 18 anos. 

Também foram entregues duas pontes na cidade – uma sobre o Córrego Vicente Pires, na DF-095, e outra sobre a Rua 4. Cada uma delas beneficia cerca de 20 mil motoristas diariamente. A ponte sobre o Córrego Vicente Pires DF-095 e a ponte que liga a Rua 4 à Avenida da Misericórdia foram inauguradas em 2021, com um investimento total de R$ 6,3 milhões.

Segurança para o DF 

Uma das iniciativas mais importantes adotadas nos últimos seis anos envolveu a ampliação do funcionamento das delegacias no Distrito Federal. A abertura ininterrupta de 31 delegacias circunscricionais e quatro especializadas permite à população o acesso a ajuda e orientação policial a qualquer hora do dia. 

"Poucos órgãos públicos funcionam de madrugada ao alcance do cidadão. Como um hospital, as delegacias podem ser procuradas a qualquer momento pela população para orientação e registro de ocorrências", avalia a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).

O serviço de funcionamento 24 horas das delegacias completou seis anos em 2025.
O serviço de funcionamento 24 horas das delegacias completou seis anos em 2025. (foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília)

A iniciativa trouxe à Brasília o título de segunda capital mais segura do país. Segundo o levantamento do Atlas da Violência, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a região tem a segunda menor taxa de homicídio.

Desde 2016, as delegacias do DF estavam sem atendimento noturno. "A presença constante da Polícia Civil ajuda a inibir a criminalidade, aumentando a sensação de segurança da população. Um serviço essencial que nós devolvemos à população e, certamente, reflete nos índices cada vez melhores que temos alcançado em todo o DF", acrescenta o GDF.

Mobilidade e qualidade de vida

Quatro décadas de espera afligiam a vida dos moradores de Taguatinga: o túnel para desafogar o trânsito na área central da região administrativa era um sonho da população. Em 2023, o GDF inaugurou o Túnel Rei Pelé após quase três anos de intensas obras. À época, era a maior obra de mobilidade urbana em construção em todo o Brasil. 

O Túnel Rei Pelé faz parte do Corredor Eixo-Oeste, que liga Ceilândia ao Plano Piloto, conectando a Estrada Parque Taguatinga (EPTG) à Avenida Elmo Serejo, facilitando o fluxo de veículos entre diferentes pontos da cidade e regiões administrativas próximas, como Ceilândia e Samambaia. 

Com 1.010 metros de extensão, sendo 830 metros cobertos, com duas pistas paralelas, cada pista conta com três faixas de rolagem em cada sentido. Diariamente circulam pela região 135 mil veículos. A obra recebeu investimento de R$ 275 milhões e gerou mais de 1,6 mil empregos, beneficiando cerca de 140 mil pessoas.

Túnel Rei Pelé leva segurança e celeridade para rotina de motoristas e pedestres.
Túnel Rei Pelé leva segurança e celeridade para rotina de motoristas e pedestres. (foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília)

"Se houvesse algum acidente, demorava até 1h20 para passar pela área. Em dias sem nenhum problema, levava de 45 minutos à 1h. Hoje é muito diferente: em horários de pico, são no máximo 10 minutos para atravessar tudo e seguir para Águas Claras, onde deixo minha filha diariamente na faculdade. O congestionamento praticamente acabou. Melhorou muito não só para quem quer andar por Taguatinga, mas principalmente para os carros que estão indo para outras cidades", celebra o aposentado Washington Cordeiro. 

Ampliando o sistema de drenagem da capital

No início do ano, o maior programa de captação e escoamento de águas pluviais da cidade foi inaugurado: o Drenar DF. Com um investimento de R$ 180 milhões, o novo sistema promete acabar com os alagamentos recorrentes na capital. 

Historicamente, a Asa Norte era conhecida pelos problemas gerados com as ocorrências de enchentes e inundações em dias de chuvas intensas. O sistema de drenagem, com 7,7 km de extensão, foi projetado para suportar chuvas intensas e conduzir grandes volumes de água até o ponto de escoamento. 

As galerias começam na altura da Arena BRB, atravessando diversas quadras da Asa Norte, como as 902, 702, 302, 102, 202 e 402, além de cruzar a W3 Norte e o Eixo Rodoviário Norte (Eixão), até chegar à L4 Norte. Esse sistema abrange o início da Asa Norte, com cobertura até as quadras 4 e 5.

"Por muitos anos eu morei na SQN 102. Minha filha continua lá e eu precisei sair por conta do trabalho. Agora, com essa obra entregue, os nossos imóveis serão valorizados. Antes, ninguém queria comprar nada nessa quadra, era impressionante. A 102 era um problema. Agora, ela é uma das melhores para se morar porque não tem mais essa questão de alagamento e está bem próxima de tudo, das autarquias, shoppings, com acesso fácil a qualquer local que você precise ir", conta o aposentado Elpidio Piccinin.

Metodologia usada no Drenar DF evitou abertura de valas na cidade.
Metodologia usada no Drenar DF evitou abertura de valas na cidade. (foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília)

Além de solucionar os entraves do sistema de drenagem da capital, o Drenar-DF também contribuirá com a preservação do Lago Paranoá, graças à bacia de detenção no final do projeto. Com 37 mil m² de extensão, equivalente a quatro campos de futebol, o reservatório tem capacidade para armazenar até 96 mil m³ de água, volume suficiente para abastecer 40 piscinas olímpicas.

O projeto foi desenvolvido pela Terracap em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh-DF), atendendo às exigências do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

No começo do ano, também foi gerada a ordem de serviço para implantação de drenagem pluvial nas Quadras SHIS QI e QL 28, conjunto 8 e na Avenida das Copaíbas, no Lago Sul. Serão investidos R$ 13,2 milhões na implantação da rede. 

O projeto prevê a instalação de redes de 500 mm a 1.750 mm com o método tunnel liner. A técnica, a mesma usada no Drenar-DF, é considerada menos destrutiva e de menor impacto para a superfície, uma vez que a escavação é feita de forma subterrânea e controlada, preservando o tráfego e as estruturas existentes acima do solo.

"Essa obra é necessária para evitar alagamentos na região e que vai nos ajudar a proteger o Lago Paranoá. É cuidado com a população e com o meio ambiente em todo o DF e que vai se refletir em qualidade de vida para toda a cidade, que é o nosso maior propósito", ressalta o governo.

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